As empresas têm corrido para implementar a inteligência artificial em busca de produtividade, mas muitas estão cometendo um erro grave: reduzindo e desvalorizando justamente quem pode garantir que a transformação aconteça de fato — os gerentes médios ou a média gerência.
A contradição é clara. Segundo uma pesquisa da Zeno, 31% dos funcionários admitem estar ativamente trabalhando contra iniciativas de IA em suas empresas. Nenhum software, por mais robusto que seja, supera esse nível de resistência sem mediação humana. É aí que entram os gerentes de nível intermediário ou os líderes da linha de frente. Eles ocupam a posição mais próxima do dia a dia das equipes e são os que mais influenciam a confiança dos colaboradores.
No entanto, apenas 34% deles se sentem preparados de verdade para apoiar a adoção da IA, aponta a mesma pesquisa. O risco é evidente: sem preparo, eles deixam de ser pontes e viram barreiras, ampliando o ceticismo e a fadiga das equipes.
O desafio é maior do que treinar em ferramentas. É sobre comunicação, escuta, clareza e propósito. Três em cada quatro gestores reconhecem que precisam explicar o porquê das decisões para serem bem-sucedidos. Mas, quando o assunto é inteligência artificial, menos da metade dos funcionários acredita que suas empresas têm um plano claro, embora quase sete em cada dez executivos afirmem o contrário.
Essa desconexão revela o quanto os gerentes médios podem ser a chave para traduzir a estratégia em uma linguagem acessível. Caso contrário, o resultado é fadiga, ansiedade e resistência.
Os gerentes, quando bem preparados, conseguem transformar esse cenário em resiliência ao reconhecer as dificuldades, abrir diálogo e mostrar benefícios concretos da mudança. A questão é prática: quando os gestores usam IA em suas próprias rotinas, compartilham resultados, reconhecem avanços e tornam a mudança crível. Quando medem a confiança das equipes, pedem feedback e adaptam treinamentos, transformam medo em aprendizado.