Ele foi o homem mais solitário do mundo. Nenhum ser humano até então ousara afastar-se tanto de casa. Por mais de 24 horas, ele esteve isolado em uma pequena cápsula, imersa no vácuo, a 400.000 km da Terra. Você acredita?
Foi em julho de 1969, enquanto o mundo assistia Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminharem sobre a Lua, que Michael Collins, o terceiro astronauta, orbitava sozinho o satélite natural da Terra. Cada volta, num total de 13, durava cerca de 2 horas e, por 48 minutos, enquanto passava pelo lado escuro da Lua, ele perdia totalmente o sinal de rádio. Era silêncio puro.
Anos mais tarde, ele descreveria essa experiência única: “A vastidão é esmagadora, mas há também uma paz profunda nesta solidão. Estou sozinho, mas não me sinto só.” Numa mesma frase, ele usou com maestria três termos diferentes para descrever nuances de um mesmo sentimento: a solidão. Mas, em seu coração, nunca esteve totalmente sozinho. Carregava consigo sonhos, esperanças e a torcida de toda a humanidade.
E também teve por companhia o medo de que Armstrong e Aldrin jamais voltassem, de que coubesse a ele regressar sozinho, carregando consigo a dor da perda e uma culpa impossível de apagar. Graças a Deus, esse cenário não se concretizou e os três voltaram à Terra com vida. Armstrong e Aldrin tiveram o privilégio de caminhar sobre a Lua, mas só Collins navegou com exclusividade entre as estrelas, no ventre da criação.
Para conhecer em detalhes essa história, procure nos sebos uma cópia de O Fogo Sagrado: A Jornada de um Astronauta, seu livro de memórias em dois volumes lançado em 1974 pela Editora Arte Nova. Se você curtiu a história, fica aí que daqui a pouco eu conto outra.