O Brasil está perdendo suas salas de aula

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A depredação, os furtos, o tráfico e os tiroteios, sobretudo nas grandes cidades, são parte do cotidiano escolar (Foto: freepik.com)

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Há quem pense que a escola seja apenas um prédio de muros baixos, quadras rachadas e crianças correndo pelos corredores. Mas há escolas que já se tornaram trincheiras, onde a aprendizagem disputa espaço com o medo, a violência e a paralisia emocional de quem ensina.

Quando a escola sofre com a violência, o impacto não é só o medo que paralisa o corpo e faz o professor faltar ao trabalho. A violência escolar interrompe aulas, força licenças médicas, gera alta rotatividade entre professores e destrói o ambiente de aprendizagem, que deveria ser o alicerce para quebrar o ciclo de vulnerabilidade.

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Números de uma triste realidade

Em matéria do jornal “O Globo”, dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mostram que um em cada dez professores já presenciou atentados à vida no local onde trabalha. Quatro em cada dez relatam agressões. A depredação, os furtos, o tráfico e os tiroteios, sobretudo nas grandes cidades, são parte do cotidiano escolar de quem deveria estar cuidando de ensinar a ler, escrever e conviver em sociedade.

As escolas mais violentas são justamente aquelas que mais precisam de professores experientes. Mas quem pode, foge. Ficam os jovens profissionais, cheios de vontade, mas  sem a vivência necessária para lidar com o ambientes tumultuados, deixando crianças e adolescentes presos à precariedade.

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O Conselho Nacional de Educação estuda como garantir que os 200 dias letivos previstos em lei sejam de fato cumpridos, com aprendizagem real. Fala-se em aulas aos sábados, uso de dias de férias, encontros on-line e envio de atividades emergenciais. Mas quem conhece a realidade do chão da escola sabe que é muito difícil imaginar uma criança que passou a noite se protegendo de tiros e abrir um caderno na manhã seguinte como se nada tivesse acontecido.

As estratégias de reforço e recuperação de conteúdo são importantes, mas ainda são insuficientes se o essencial não for assegurado: a integridade física e emocional de professores e alunos. Sem isso, os programas, protocolos e plataformas digitais não passam de paliativos.

A implementação do Programa Escola que Protege é um passo, mas o país precisa de algo maior: um pacto nacional para blindar as escolas da violência e garantir que os professores tenham condições mínimas de trabalho, segurança e estabilidade emocional para exercer seu ofício.

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Porque se a escola não é segura, não é escola. E se o Brasil não garante o direito de aprender, está falhando em sua missão mais básica: preparar seus cidadãos para construir um futuro em que a violência não seja o currículo oculto de cada sala de aula.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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