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Já há tendências de erosão da dominância do dólar impulsionadas pelo crescente uso de moedas locais (IMAGEM ILUSTRATIVA/Valter Campanato/Agência Brasil)

Já há tendências de erosão da dominância do dólar impulsionadas pelo crescente uso de moedas locais (IMAGEM ILUSTRATIVA/Valter Campanato/Agência Brasil)

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Por que usamos o dólar em quase todas as transações internacionais? O que faz essa moeda emitida por um único país se tornar o padrão global de comércio e reservas internacionais? A resposta está na confiança. O dólar é a principal moeda do mundo porque por décadas representou estabilidade, liquidez, previsibilidade e força institucional, mas esse cenário começa a mudar.

Já há tendências de erosão da dominância do dólar impulsionadas pelo crescente uso de moedas locais nos fluxos comerciais, inclusive entre países como China, Rússia, Índia e Brasil. E isso não está passando despercebido por Washington. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos ameaçou taxar países que se alinharem aos BRICS e abandonarem o dólar em suas transações.

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É uma reação clara ao avanço de uma nova ordem econômica que busca se afastar da dependência da moeda americana, ao temor de que sem o dólar como moeda hegemônica, os Estados Unidos percam poder geopolítico e financeiro. Mas o problema está dentro de casa. O aumento da dívida pública americana, a instabilidade política, ameaças à independência do FED e incertezas regulatórias são os verdadeiros motores da perda de força do dólar, ou seja, os riscos nos fundamentos da economia americana e não apenas movimentações de países emergentes.

Essa tendência de fragmentação monetária global ainda é gradual, mas crescente. Países vêm fechando acordos bilaterais para usar moedas locais no comércio exterior, como o yuan em acordos com a Ásia e o real em transações regionais. Além disso, a digitalização de sistema de pagamentos internacionais, com avanço de moedas digitais e bancos centrais, pode acelerar esse movimento abrindo espaço para uma arquitetura financeira mais descentralizada. Para o Brasil, esse cenário pode ter implicações importantes.

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Por um lado, o enfraquecimento do dólar pode significar a valorização do real e melhora nos ativos locais de curto prazo. Por outro lado, o aumento da fragmentação financeira global traz volatilidades, riscos geopolíticos e maior incerteza nos fluxos comerciais. O mundo está mudando e o dólar, aos poucos, está deixando de ser o único protagonista. Em economia, não existe alquimia. A confiança é construída com responsabilidade fiscal, instituições sólidas e previsibilidade.

O dólar não é forte por acaso e pode deixar de ser se essas bases forem corroídas. O mundo está assistindo e respondendo.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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