Em 1714, a Grã-Bretanha ofereceu um prêmio equivalente a 2 milhões de dólares a quem conseguisse resolver um grande enigma: determinar a longitude de uma embarcação no mar. O concurso atraiu os maiores astrônomos e cientistas da Inglaterra, mas quem levou o prêmio mesmo foi um relojoeiro. Você acredita?
A posição de qualquer ponto sobre o globo terrestre é dada por suas coordenadas de latitude (norte-sul) e longitude (leste-oeste). A ignorância da longitude levou a inúmeros desastres marítimos. Em 1707, na Zidecilli, quatro navios de guerra da Marinha britânica afundaram, matando 2.000 marujos. Diante do prejuízo, o Parlamento britânico resolveu dar um prêmio para quem resolvesse o enigma da longitude.
Achar a latitude em relação ao Equador é fácil, mas a longitude varia com o movimento da Terra e depende de se saber a hora local em um meridiano de referência. E é aí que entra o relojoeiro John Harrison. Suas primeiras tentativas com relógios de madeira não funcionaram. Ele logo passou a experimentar com relógios de metal. Só que, com a variação de temperatura no mar, alguns metais se dilatavam e outros se contraíam, e com isso os relógios logo perdiam a hora.
Muitos anos e muitas tentativas depois, John Harrison chegou ao modelo H4, composto por ligas metálicas que, por seu comportamento termodinâmico, se cancelavam mutuamente, garantindo uma precisão superior àquela exigida pelo regulamento da premiação. Obviamente, a comissão julgadora, sob a influência do astrônomo real, continuava dizendo que o efeito produzido era fruto da sorte.
Harrison, então, resolveu apelar ao rei George III, que ordenou que se desse a Harrison — que já contava 80 anos de idade — a recompensa milionária em reconhecimento de sua genialidade e dos 59 anos de trabalho.