Olha, sabe os sucrilhos? Aqueles flocos de milho que a gente geralmente consome no café da manhã? Todo mundo já comeu, né? Pois é, o que você talvez não saiba é que eles foram criados por um fanático religioso para combater o que ele considerava o maior de todos os vícios: a masturbação. Você acredita?
Tudo começa em 1894, com um sujeito chamado John Harvey Kellogg. Médico, adventista e obcecado pela pureza moral, ele dirigia um sanatório na cidade de Battle Creek, em Michigan. Defendia que era preciso reprimir o estímulo aos sentidos, inclusive o paladar. Por isso, recomendava uma alimentação insossa: sem condimentos, sem café, sem álcool. Foi nesse contexto que ele criou os cornflakes — sem açúcar, sem sal e, claro, sem gosto.
Kellogg acreditava que os cereais ajudariam a “acalmar a mente” e desencorajar o onanismo. Na sua visão, a masturbação causava nada menos que 39 sintomas deletérios, incluindo acne, palpitações, epilepsia e até problemas posturais. Suas “terapias” eram ainda mais bizarras: defendia circuncisão sem anestesia para homens e mutilação clitoriana com aplicação de fenol para mulheres. Além disso, prescrevia enemas diários de iogurte nos pacientes. Surreal.
Mas aí entra em cena o irmão dele, Will Kellogg, que era assistente no sanatório. Um belo dia, Will teve uma ideia: e se a gente adicionasse açúcar aos cornflakes? John ficou furioso, rompeu relações e o irmão saiu do sanatório em 1906 para fundar a Kellogg’s Company. A aposta foi certeira: os cereais açucarados viraram sucesso mundial e chegaram à sua mesa.
Hoje, sabemos que os sucrilhos, se consumidos em excesso, contribuem para obesidade infantil, diabetes e outros problemas de saúde. Curiosamente, a dieta defendida por John — tirando, claro, suas obsessões religiosas e práticas bizarras — era até mais saudável.
No fim das contas, fica difícil saber quem foi o herói e quem foi o vilão dessa história. Mas me conta: você ainda come sucrilhos no café da manhã?