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Howard Lutnick
O Brasil já vinha sendo alvo de sobretaxas de 50% impostas pelos EUA desde agosto, mas agora está inserido em um cenário mais amplo de tarifas que entram em vigor a partir de 1º de outubro (Foto: Reprodução/@howardlutnick).

O Brasil já vinha sendo alvo de sobretaxas de 50% impostas pelos EUA desde agosto, mas agora está inserido em um cenário mais amplo de tarifas que entram em vigor a partir de 1º de outubro (Foto: Reprodução/@howardlutnick).

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O secretário de Comércio dos Estados Unidos declarou que é preciso “consertar o Brasil”. A fala soa dura, mas toca em um ponto que há muito incomoda a nossa economia. A estratégia de inserção internacional do país não tem dado certo. Continuamos com baixa competitividade e participação pequena nas cadeias globais de valor.

Mas antes de aceitar qualquer receita pronta, é fundamental olhar com atenção para o que está acontecendo. A ideia norte-americana atual de fortalecer grandes corporações nacionais, subsidiar a produção local e proteger o mercado interno com tarifas lembra bastante aquilo que o Brasil fez ao longo das últimas décadas — e que não funcionou. O modelo dos chamados campeões nacionais criou distorções, aumentou a concentração de mercado e não gerou o salto de produtividade esperado.

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Pelo contrário, muitas vezes significou alocar recursos públicos em empresas que não conseguiam se sustentar sem apoio estatal. O resultado foi menos inovação, produtos mais caros e baixa inserção internacional. Os números ajudam a ilustrar esse quadro: o Brasil participa de apenas 1,3% do comércio mundial, contra cerca de 13% da China.

Nossa indústria responde hoje por menos de 11% do PIB, metade do que representava nos anos 1980, e a produtividade do trabalho praticamente não cresceu nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, nossa pauta exportadora se tornou cada vez mais concentrada em commodities agrícolas e minerais. Não que isso seja um problema em si, mas evidencia a perda de competitividade da indústria local e a dificuldade de integrar-se às cadeias globais de valor.

Além disso, buscar superávits comerciais a qualquer custo via protecionismo pode até dar algum alívio no curto prazo, mas reduz a pressão por competitividade, isola o país dos concorrentes globais de produção e de inovação. Foi exatamente isso que o Brasil viveu, com tarifas altas e pouca integração internacional. Em economia, não existe alquimia.

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O caminho não é copiar políticas que já se mostraram ineficazes, mas investir em competitividade genuína: melhorar a infraestrutura, simplificar o ambiente regulatório, reduzir o custo Brasil, estimular a inovação e a qualificação da mão de obra. Só assim o país consegue competir de igual para igual no comércio global.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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