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Em meio a esse movimento, cresce a preocupação com a ameaça à retomada das exportações brasileiras de produtos tecnológicos (Agência Gov/Divulgação)

Em meio a esse movimento, cresce a preocupação com a ameaça à retomada das exportações brasileiras de produtos tecnológicos (Agência Gov/Divulgação)

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Com a entrada em vigor das tarifas comerciais dos Estados Unidos, setores exportadores brasileiros correm contra o tempo para tentar se adaptar aos novos custos e realinhar suas estratégias. Em meio a esse movimento, cresce a preocupação com a ameaça à retomada das exportações brasileiras de produtos tecnológicos. No entanto, é preciso fazer uma leitura mais crítica e profunda do que está realmente em jogo.

O avanço das exportações de produtos com maior valor agregado, como componentes eletrônicos, produtos de automação e bens de capital, não é resultado direto de ações pontuais ou da ausência de tarifas, mas sim do nível de competitividade sistêmica da economia brasileira. Ou seja, a capacidade de competir lá fora depende muito mais da eficiência da nossa estrutura produtiva, da inserção internacional do país e do ambiente de negócios interno do que, simplesmente, de eventos pontuais com benefícios tributários ou medidas de proteção.

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Nesse contexto, o papel do governo brasileiro não deveria ser apenas o de reagir ao tarifário alheio, mas o de agir estrategicamente para estimular a internacionalização das empresas, desburocratizar o comércio exterior, ampliar os acordos multilaterais e investir em inovação e produtividade doméstica.

O Brasil ainda é uma das economias mais fechadas do mundo e a recuperação das exportações, especialmente das mais sofisticadas, só será sustentável se vier acompanhada de um esforço consistente de abertura comercial e fortalecimento da base industrial. Além disso, produtos tecnológicos geralmente envolvem cadeias globais de valor. Não basta produzir bem; é preciso ter escala, previsibilidade, logística integrada e segurança jurídica — fatores ainda escassos por aqui.

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O risco de ignorarmos esses pontos é ficarmos reféns de ciclos curtos de exportação, o famoso “voo de galinha”, sem conquistar uma presença estrutural no comércio internacional de alto valor. Em economia, não existe alquimia. Exportar tecnologia exige muito mais do que subsídios ou isenções temporárias. Exige visão estratégica, ambiente competitivo e inserção global. Sem isso, os poucos avanços conquistados seguirão vulneráveis a qualquer mudança externa, como está acontecendo agora com o novo tarifasso americano.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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