Sem alma, cruel, cretino, descarado, filho da mãe. Você já ouviu essa música do Tom Zé? É uma lista de xingamentos, e no meio deles está a palavra cretino. Mas você sabe o que ela realmente significa?
Cretino, originalmente, era o termo usado para designar quem sofria de cretinismo, uma forma congênita de hipotireoidismo causada pela falta de iodo durante a gestação. As crianças nasciam com limitações cognitivas, baixa estatura e dificuldades no desenvolvimento. Ou seja, o termo tinha um sentido médico, e não apenas de ofensa.
E de onde vem a palavra? Do francês “crestin” (ou “cretin”), uma forma dialetal usada nos Alpes, derivada de chrétien, que significa cristão. O uso tinha um tom de compaixão: era como dizer “eles também são cristãos, também são filhos de Deus”.
O cretinismo era especialmente comum nas regiões montanhosas, onde a alimentação tinha deficiência de iodo. Esse grave problema de saúde pública começou a ser combatido a partir de 1920, quando a Suíça — e logo depois os Estados Unidos — passaram a enriquecer o sal com iodo. Nas décadas seguintes, a prática se espalhou e as taxas de cretinismo despencaram no mundo todo.
Portanto, se alguém te chamar de cretino, fique tranquilo: a doença praticamente desapareceu. Mas atenção: a cretinice ainda resiste por aí — e essa, sim, depende de cada um.
Curtiu a história? Então passa o som e fica aí que daqui a pouco eu conto outra.