No Visão Macro de hoje, vamos falar um pouco mais sobre o Relatório de Política Monetária que foi apresentado pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, bem como pelo diretor de Política Monetária, Diogo Guillen. Esse é um documento que vem na sequência já do comunicado da última reunião, bem como da ata da última reunião do Copom, que elevou os juros de 14,75 para 15%.
O importante dessa apresentação do Relatório de Política Monetária é que o Banco Central consegue expor cenários em que eles tinham os próprios modelos para poder sinalizar ao mercado como ele vê as expectativas inflacionárias convergindo ou não para o centro da meta.
Vale lembrar que agora a nossa meta de inflação não é uma meta mais anual. Pelo contrário, agora a gente tem uma capacidade melhor de absorver choques exógenos ou um tratamento mais flexível e cauteloso da política monetária, porque passamos a ter uma meta móvel ou uma meta contínua, que vai sempre mudando ao longo do tempo, trimestre a trimestre. Nesse caso, a nossa meta hoje está ancorada, principalmente, para o segundo trimestre de 2026.
É importante colocar que o Banco Central estimou os modelos colocando os juros a 15%, mantendo esses 15% até 2027 para que, de fato, a gente tenha alguma convergência para perto de 3% das expectativas inflacionárias. Na verdade, 3,2%, nem exatamente 3.
Independente disso, é importante separar o que de fato deveria acontecer e o que de fato deve acontecer. Achamos muito improvável, assim como o mercado tem precificado na curva de juros, que o Banco Central demore tanto para cortar juros como sinalizado pelo Relatório de Política Monetária, meio que um livro texto. Achamos que a probabilidade maior necessariamente deve ficar para corte de juros a partir do segundo trimestre de 2026. Inclusive, dado que o câmbio tem se apreciado, temos contratado um processo relevante de desinflação via alimentos e via preços de atacado.
Principalmente sinalizados pelo IGPN, como o dado de hoje que veio bastante deflacionário.