No Visão Macro de hoje, vamos conversar mais sobre qualidade de crescimento, principalmente olhando para outras áreas, como, por exemplo, o saneamento básico. Esse é um ponto muito relevante para qualquer país ao longo do tempo. É impressionante que, em 2025, o Brasil tenha apenas 70% da população com acesso ao saneamento básico.
Obviamente, alguns estados puxam esse índice ainda mais para baixo, registrando cobertura inferior a 20%, como é o caso de Piauí e Pará. Embora estados do Sudeste, como Minas Gerais, tenham níveis bem acima da média nacional, ainda temos muito a fazer para chegar à universalização desse serviço até 2030.
É importante ressaltar um fato óbvio quando falamos de qualidade de crescimento: para cada R$ 1 gasto com saneamento, economizam-se R$ 4 em serviços de saúde. Esse dado se torna ainda mais evidente ao observarmos crianças na primeira infância expostas a ambientes com baixa higiene e presença de coliformes fecais, o que afeta capacidade cognitiva, produtividade futura e acesso ao mercado de trabalho formal.
Essa questão está diretamente ligada à renda. E mesmo com todo o debate sobre fiscal, o Brasil tem conseguido arrecadar bastante. O último dado foi forte: arrecadamos cerca de R$ 234 bilhões no relatório de junho, valor 6% maior em termos reais. Ainda assim, não conseguimos gastar com qualidade, e saneamento básico deveria ser prioridade zero para o país.
O investimento em saneamento não só reduz gastos futuros com saúde, mas também melhora o desempenho escolar. Crianças que têm acesso ao saneamento básico se saem até 18% melhor na escola, aumentando as chances de crescimento econômico por meio da produtividade, formalização do trabalho e geração de renda.
É urgente discutir qualidade do gasto público de forma transparente. Só assim teremos crescimento sustentável, com impacto real na vida da população.