Nesta quinta-feira (29/5), motoristas de Belo Horizonte terão um raro prazer: abastecer o carro pagando R$3,82 o litro da gasolina. Um respiro no bolso, um alívio momentâneo, mas, acima de tudo, um tapa na cara do sistema tributário brasileiro.
A ação faz parte do chamado Dia Livre de Impostos, uma ideia que há 19 anos nasceu em Belo Horizonte, por iniciativa da CDL-BH, e que escancara uma verdade incômoda: pagamos muito e recebemos pouco. Muito imposto, pouca escola decente. Muito tributo, pouca segurança. Muito encargo, pouca saúde. O brasileiro está preso em um pacto injusto, onde o Estado cobra como um sócio majoritário, mas entrega como quem dá esmolas.
O combustível mais barato neste 29 de maio serve como provocação, e como prova. A redução de preço não veio por causa de subsídio, mágica ou generosidade do posto. Veio, simplesmente, pela retirada dos tributos embutidos no litro da gasolina. A diferença de mais de R$2 por litro é um aviso que revela um silêncio ensurdecedor: demonstra que boa parte do que pagamos não é pelo produto, mas pelo peso que o Estado significa em nossas vidas.
Para onde vai esse dinheiro todo?
Fosse o Brasil uma Escandinávia dos trópicos, com trens pontuais, hospitais funcionando e escolas que não afundam no piso da educação mundial, talvez até aceitássemos pagar tanto. Mas não é esse o cenário. O que vemos é um Estado gigante para arrecadar e nanico para servir. Um Leão que, na hora de cobrar, age com voracidade, mas que demonstra uma enorme preguiça para retribuir.
É preciso mudar essa lógica: simplificar a máquina pública, reduzir a burocracia e cobrar menos impostos, criando um cenário propício para a livre iniciativa e o desenvolvimento. Porque pagar caro dói muito mais quando não se recebe nada em troca do pagamento.
Mas, enquanto isso não acontece, iniciativas como o Dia Livre de Impostos são bem-vindas. Elas nos lembram do que poderia ser feito, e do que não deveria mais ser aceito. Os recados transversos de um governo que age como cobrador de impostos não podem nos trazer a naturalidade de quem acha normal pagar caro por quase nada.
E amanhã, quando a gasolina voltar ao preço habitual, talvez fiquem duas certezas: o problema não é a bomba de combustível, pois o rombo está em Brasília, e não no tanque dos nossos veículos.