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No baralho da política mineira, as cartas se embaralham de novo

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Gabriel Azevedo é ex-presidente da Câmara Municipal de BH. (foto: Barbara Crepaldi / CMBH)

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A política mineira parecia caminhar para um roteiro previsível depois da filiação de Mateus Simões ao PSD, um ato cuidadosamente roteirizado para exibir hegemonia, controle e alinhamento. No palco, o deputado Marcelo Aro, um dos articuladores mais sagazes da cena mineira, anunciou o que parecia ser um consenso, o apoio de boa parte dos partidos a uma candidatura única, a de Simões, ungido pelo governador Romeu Zema como seu sucessor natural.

Mas a política, em Minas, é como o clima de suas serras: muda de repente, e sem aviso. O que se desenhava como unidade começou a se dissolver em nuances e contradições. Em poucos dias, a tal hegemonia virou interrogação, e novos movimentos começaram a brotar com a velocidade de um café recém-passado.

Gabriel Azevedo entra em cena

É nesse cenário que o MDB decide colocar no tabuleiro o nome de Gabriel Azevedo. O ex-presidente da Câmara de Belo Horizonte, conhecido por sua postura crítica e pela recusa em fazer política com panos quentes, será lançado oficialmente nesta terça-feira, 4 de novembro, como pré-candidato ao governo de Minas. O anúncio, respaldado por Baleia Rossi, presidente nacional do partido, recoloca o MDB na disputa majoritária, depois de anos à margem das grandes decisões estaduais.

A candidatura de Gabriel Azevedo é, ao mesmo tempo, um gesto de coragem e um ato de rebeldia. O MDB tenta reencontrar o centro que lhe deu identidade, fugindo da polarização entre o liberalismo econômico de Zema e o lulismo que ainda ecoa no PT mineiro. Gabriel, com seu discurso de independência e renovação, é a aposta de um partido que quer provar que ainda sabe pensar por si.

Mas o movimento do MDB não vem sozinho. Ele acende uma fagulha que outros partidos pareciam ter apagado. O Republicanos, que até pouco tempo atrás acenava apoio ao governo, recuou da neutralidade e se reúne para tomar a decisão de lançar o nome do senador Cleitinho Azevedo ao governo de Minas. É mais uma volta do parafuso da política.

Cleitinho, com seu discurso popular e antipolítica, fala direto ao eleitorado que anda desconfiado de tecnocratas e arranjos de bastidor. É o tipo de candidatura que embaralha o jogo e tira o conforto dos favoritos. Sua entrada reabre espaços para o debate, dá voz ao eleitor antipolítico e força os demais candidatos a saírem da zona de conforto.

A fala de Marcelo Aro, celebrando uma “hegemonia partidária” em torno de Simões, soou, à época, como uma tentativa de emparedar o debate e encerrar a temporada de especulações. Mas a política, quando tenta se impor pela força das alianças, costuma despertar resistências. Minas, afinal, não tem vocação para unanimidades, tem vocação para conciliação, que se faz com disputa, com divergência e com projetos que dialogam.

O surgimento quase simultâneo de Gabriel Azevedo e Cleitinho Azevedo mostra que o eleitor mineiro pode voltar a ter uma eleição mai dinâmica e com surpresas, como convém a uma eleição em Minas Gerais.

Um novo ciclo mineiro

O jogo de 2026 começa a se parecer menos com um xadrez e mais com uma partida de truco: blefes, apostas e surpresas. O PSD entra com estrutura e o apoio do Palácio Tiradentes; o MDB, com discurso e autenticidade; o Republicanos, com carisma e provocação.E ainda resta saber para onde as armas de Lula irão apontar. 

E Minas, com sua velha habilidade de transformar divergências em acordos, assiste a mais um capítulo da política que nunca decepciona em complexidade. A tal hegemonia virou miragem. O jogo está reaberto, e cada movimento, a partir de agora, pode redefinir o destino de 2026.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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