Pouco tempo depois dos olhos do mundo se voltarem para o Vaticano para acompanhar as notícias sobre a morte do Papa Francisco, boa parte da atenção do Brasil veio para Minas. Para a Betim, sendo mais exato. É na cidade da região metropolitana que está guardada uma das maiores relíquias que Francisco deixou para trás quando esteve no Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013.
O carro que ele usou e acabou virando um papamóvel brasileiro, voltou para o local onde foi fabricado, também naquele ano. E é guardado com os cuidados necessários pela equipe da Fiat Automóveis, na sede da montadora, em Betim.
Mas por que um carro Fiat? Por que ele está em Minas?
Vamos responder:
O papado de Francisco foi marcado desde o início pela simplicidade. O Papa que optou em seguir os passos de São Francisco de Assis até no nome abriu mão de todo o luxo, desde as vestimentas até o anel do pescador que tradicionalmente é feito de ouro, mas o papa preferiu usar um de latão. O toque franciscano chegou na garagem do Vaticano. Onde a frota de luxo deu lugar a modelos singelos, como o Ford Focus 2006, que Francisco costumava se deslocar com discrição por Roma.
Na primeira viagem internacional como Papa, Francisco veio ao Brasil, para a jornada mundial da juventude. Ele pediu para se deslocar pelo Rio em um modelo simples. O pedido surpreendeu os executivos da Fiat, que forneceu os carros da comitiva papal e que já haviam preparado os modelos mais luxuosos e blindados do portfólio para transportar o pontífice. Naquela época, a Fiat ainda tinha o SUV de luxo Fremont (feito a partir do Dodge Journey após a fusão da Fiat com o grupo Chrysler, dona da marca Dodge).
Mas o papa franciscano não queria luxo e também não estava se preocupando em ficar escondido atrás de um vidro blindado. Então ele pediu para que tivessem carros mais simples desde a chegada dele no aeroporto do Rio. A Fiat decidiu pelo Idea, justamente pela boa área envidraçada que o monovolume tinha e daria grande visibilidade ao pontífice pelos fieis nas ruas do Rio. O problema é que não havia nenhum Idea na frota própria da montadora na cidade e o jeito foi alugar um. O Idea já estava bem rodado quando foi entregue para o cerimonial do Vaticano. Hoje ele tem pouco mais de 29 mil quilômetros rodados.
O Fiat Idea Attractive 1.4, que custava menos de R$ 30mil na época , hoje integra o acervo da Fiat em Betim. A montadora decidiu preservar tudo nele, inclusive a lataria amassada pelos jovens que cercaram o Papa no trânsito em 2013.
As imagens deste dia entraram para a história. Francisco ficou com a janela aberta durante todo o percurso para ter contato direto com o povo. Por um engano, a comitiva acabou caindo em uma rua com o trânsito congestionado, onde não era para o papa passar. Ali, o Fiat Idea usado pelo papa foi cercado pelos fieis. A fisionomia de Francisco denunciava que aquele momento para ele era de pura alegria.