Quem vai vencer o UFC econômico: Lula ou Banco Central?

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IMAGEM ILUSTRATIVA (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

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Quando se fala em decisão do Copom sobre a Selic, os holofotes se voltam para o anúncio das taxas de juros. Mas poucos se atentam à tal Ata do Copom, um documento recheado de mensagens que muitas vezes, dizem mais do que o próprio comunicado oficial.

Na última terça-feira a tão aguardada ata foi divulgada, e o Banco Central trouxe o que já era esperado: a inflação segue firme, sem dar sinais de trégua, e os juros estão longe de baixar.

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Foi um recado sutil, com a delicadeza de um elefante em uma loja de cristais. A Selic não apenas vai se manter nos atuais 14,75%, como pode, sim, subir para 15%. Um patamar que parece destinado a ficar.

Pelo menos dois grandes bancos – Itaú e Santander – já projetam que a Selic pode chegar a 15,25% antes de começar a cair.

Se isso se confirmar, o aperto monetário será ainda mais severo, com efeitos diretos sobre o crédito e o custo da dívida para empresas e consumidores.

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Para entender melhor a ata do BC

No esforço para decupar tanta informação com mais propriedade, pois apesar de ter feito especialização em “Economia, Finanças e Mercados Financeiros”, uma obrigação para promoção na empresa que trabalhava, não sou economista, resolvi conversar com alguns deles.

Para todos com quem conversei, O BC está apontando o dedo para o governo Lula, responsabilizando-o, de maneira mais incisiva do que em comunicados anteriores, pela manutenção da inflação alta.

O Banco Central, no entanto, não se limita a apontar números. Quem souber ler nas entrelinhas vai enxergar uma mensagem clara e direta: o BC responsabiliza o governo Lula pela persistência da inflação alta.

Para o Copom, os “estímulos fiscais” adotados pelo governo estão aquecendo a economia – e, claro, os preços. É como se Lula estivesse com o pé no acelerador, enquanto o BC tenta desesperadamente puxar o freio de mão.

A postura do governo lembra a de um empresário que acredita que faturamento, representado pelos recordes de arrecadação com aumentos de impostos, resolve os problemas financeiros. Contudo, mesmo com a alta de receita, as despesas continuam a subir. O resultado é déficit e inflação. É como encher um balde furado: por mais que se coloque água, nunca estará cheio.

Ainda nesse ponto, vale citar o que os economistas usam em suas análises: o conceito da Curva de Laffer, que demonstra que aumentar impostos além do limite suportável gera queda de arrecadação. Já estamos vendo isso na prática: a inadimplência e as falências aumentam, reduzindo a base tributária.

Curiosamente, o Banco Central não enfrenta mais ataques diretos do presidente e de seus ministros, mesmo com a alta dos juros. Coincidência ou não, isso ocorre agora que a direção do BC não é mais comandada por um indicado do governo anterior. O silêncio é estratégico ou mera conveniência política?

Paralelamente, o mercado não parece mais comprar o discurso do governo. Mesmo com a política monetária firme do BC, a desconfiança na disciplina fiscal do Planalto persiste. A confiança, fundamental para os investimentos e o crescimento econômico, está abalada.

Para manter a imparcialidade do artigo, é fundamental lembrar que a irresponsabilidade fiscal não é exclusividade do atual governo. Bolsonaro, por exemplo, lançou o 13º do Bolsa Família com claro viés eleitoral, inflando os gastos públicos. No Brasil, o contribuinte sempre parece arcar com o custo das campanhas, independentemente de quem esteja no poder.

A grande questão permanece: até quando o governo vai sustentar essa política de estímulos sem provocar uma reação ainda mais dura do Banco Central? Quem sairá vitorioso desta batalha econômica? Lula, que precisa da economia aquecida para manter força política em 2026, ou o BC, que se agarra à meta de inflação como um lutador que não larga o oponente?

Essa será uma disputa de muitos rounds. Enquanto isso, seguimos pagando a conta, com juros altos, correção monetária e aquele gosto amargo de saber que, no Brasil, até respirar está ficando mais caro.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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