A criação de cães de guarda é um assunto que gera discussões e polêmicas em todo o país. Nesta segunda-feira (17/03), a Prefeitura de Itabira, por meio de nota oficial, informou que está atuando para construir e apresentar, nos próximos dias, o Projeto da Lei Guilherme Gabriel, que vai proibir em toda cidade e nas áreas rurais, a entrada, procriação e comercialização de raças como Rottweiler, Pit-Bull, Fila-Brasileiro, Dobermann e outras semelhantes, além de fiscalizar os cães já existentes na região.
A motivação pela criação do Projeto de Lei foi a morte do garoto Guilherme Gabriel Couto, nesse domingo (16/03). A Prefeitura também lamentou a morte do jovem na nota oficial:
“A Prefeitura de Itabira lamenta profundamente a morte do garoto Guilherme Gabriel Couto, atacado por cães da raça Rottweiler na última semana. O óbito foi confirmado nesse domingo (17), pelo Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Neste momento de dor, o município se solidariza e se compadece com familiares, amigos e toda rede de contatos do menino.”
O objetivo é fazer com que a entrada, procriação e comercialização de raças como Rottweiler, Pit-Bull, Fila-Brasileiro, Dobermann e outras, consideradas como “cães de guarda”, seja proibida em toda a cidade e nas áreas rurais. A prefeitura também pretende criar regras, rotinas de fiscalização e controle absoluto dos cães já existentes na município, além de punir com “tolerância zero para casos de descumprimento dos dispositivos legais”.
Em entrevista à Rede 98, a bióloga e consultora comportamental de cães e gatos, Isabela Jardim comentou sobre a elaboração do Projeto de Lei:
“A fiscalização é sem dúvida essencial , mas esse problema é muito mais profundo e tem muito mais camadas. Temos que começar na base, criadores . Animais vendidos como objetos e tratados como objetos vão ser danosos à sociedade, independente de raça. Cães de aluguel e empresas que trabalham com isso, com certeza devem ser extintos, mas é preciso um trabalho enorme com toda sociedade para que os animais parem de sofrer por más ações de humanos . Cabe à prefeitura começar a fiscalização desde o início que são os criadores, e implementar leis muito mais rígidas sobre reprodução e venda de animais”, disse Isabela.
Além do Projeto de Lei, Isabela também comentou sobre a existência de raças consideradas como “cães de guarda” na sociedade:
“O problema não é a raça, vão continuar existindo cães de porte e potência que podem machucar humanos. Cães na minha opinião não devem ter a função de guarda nunca, independente de raça. Porém é preciso trabalhar como tratamos nossos cães”, completou.