Os primeiros cinco meses de 2025 foram marcados por turbulência no cenário econômico brasileiro, com reviravoltas provocadas principalmente por fatores internacionais. A análise é do economista Paulo Henrique Duarte, sócio e fundador da Valor Investimentos. Ele marcou presença na 98 News nesta quarta-feira (4/6).
“Eu acho que foram cinco, seis meses intensos, né? Se a gente volta ali para dezembro, o final de ano, pensando em mercado nacional, o Brasil, foi um período até bem preocupante”, disse Paulo. Segundo ele, o mercado iniciou o ano pressionado pela pauta fiscal, com orçamento atrasado e juros em alta. “O mercado estava muito pessimista, taxa de juros subindo, bolsa para baixo, os juros futuros também explodindo para cima.”
Além disso, o dólar subiu de forma inesperada em dezembro e, na visão de Paulo, muita gente entendeu que estava “na hora de sair do Brasil”, já que “o barco tá naufragando.” Por outro lado, nos Estados Unidos, o novo mandato do governo Trump gerava expectativas positivas.
“O Trump iniciou um trabalho ali em janeiro querendo atacar… os Estados Unidos também têm um problema de déficit fiscal.” No entanto, o governo acabou “se atabalhoando um pouquinho, principalmente com a pauta dos tributos”, pondera.
Essa instabilidade nos EUA ajudou países emergentes a ganharem destaque entre investidores estrangeiros, considera o economista. “Nos últimos cinco a dez anos, quase 60 a 70% dos portfólios mundiais estavam dentro da bolsa e dos títulos de renda fixa americano. E a gente viu aí uma migração agora para outros países… e mercados emergentes”, afirma.
O economista ainda pondera que o Selic parou de subir no Brasil, mas se manteve em patamar elevado. “A gente tá com a Selic chegando perto de 15%, mas muito provavelmente devemos ter uma paralisação dessa taxa de juros ainda no patamar alto durante algum período”, disse.
Ainda assim, a Bolsa brasileira surpreendeu. “Teve um desempenho muito bom nesses primeiros cinco meses do ano. Mas mais por questão externa do que interna.”
Para Duarte, o perfil do investidor brasileiro está evoluindo, especialmente no acesso a mercados globais. “Hoje em dia você tem plataformas e meios de acessar o mercado internacional. Até numa instituição americana, pelo celular você consegue isso.”
Ao mesmo tempo, há uma crescente preocupação com o “risco Brasil”. “Toda vez que o dólar sobe um pouquinho, o brasileiro começa agora a querer pensar em ter uma reserva em moeda forte. Deixa eu dolarizar parte do meu patrimônio.”