Ministério Público alerta para desafio do desmaio em escolas

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Promotora explica que pais podem ser responsabilidades por desafio do desmaio em escolas (98 News/Reprodução)

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O Ministério Público de Minas Gerais emitiu um alerta urgente sobre o chamado “desafio do desmaio com compressão no tórax”, prática perigosa que voltou a circular entre crianças e adolescentes. A simulação, que provoca asfixia intencional para causar desmaio, pode provocar sequelas neurológicas graves e até levar à morte.

Para explicar os riscos e as consequências legais do desafio, a promotora de Justiça Giovanna Carone concedeu entrevista à 98 News nesta sexta-feira (27/6). Ela destacou o papel de pais, escolas e autoridades no combate a esses desafios.

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“Esse desafio ele acarreta, né, uma asfixia mecânica, que é quando você comprime o tórax, você faz com que haja perda de oxigênio. E aí, momentaneamente, a criança ou adolescente, ela tem uma perda de consciência, porque o que fica circulando é só o gás carbônico, né, levando a uma perda de oxigênio”, explica a promotora.

Segundo a promotora, a prática pode ter consequências severas para a saúde. “Essa criança pode ter, inclusive, quadros neurológicos, se essa asfixia mecânica durar por mais tempo do que, né, por mais de, sei lá, 1 minuto, 2 minutos, isso pode acarretar graves sequelas neurológicas para essas crianças e para esses adolescentes e também até o óbito. E até mesmo quando a criança ou adolescente ela perde a consciência, ela pode cair, né, causando um traumatismo”, alerta.

O Ministério Público lembra que pais e até colegas que incentivam ou participam dessas práticas podem ser responsabilizados.

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“O nosso Código Civil, ele preconiza que os pais respondem pelos atos ilícitos que seus filhos cometam. Então, se eventualmente um adolescente incentivar outro adolescente a fazer essa asfixia mecânica, né? Essa compressão do tórax e acarretar um dano para essa criança, para esse adolescente, o pai desse menino pode vir a ser responsabilizado civilmente”, afirma Giovanna.

Ela destaca que a responsabilização civil dos pais é objetiva, ou seja, ocorre independentemente de culpa. Já no campo criminal, a responsabilização recai diretamente sobre o adolescente infrator.

“O adolescente, ele não comete crime, mas ele comete ato infracional, que é o análogo ao crime. Então, pode acarretar, né, esse tipo de brincadeira, né, entre aspas, esses desafios perigosos, eles podem acarretar a responsabilização em todas as esferas: administrativa, civil e inclusive criminal”, pontua.

Papel das famílias e escolas

A promotora ressalta a importância do diálogo e da supervisão dos pais sobre o que os filhos consomem nas redes sociais.

“Os pais precisam monitorar o ambiente virtual dos seus filhos, né? Então, verificar o que que seus filhos estão assistindo, porque assim, né? É um grande desafio hoje da nossa sociedade moderna. Eu também tenho um filho adolescente, eu sei o quanto isso é complicado, mas os pais não podem simplesmente dar um computador, né? Um celular e não monitorar”, afirma.

Ela reforça que existem ferramentas para auxiliar nesse acompanhamento. “Existem aplicativos que monitoram o uso dos celulares. Então, os pais precisam ficar atentos, se aproximar de seus filhos e verificar o que que eles estão acessando, né? Porque esses desafios, né, esses falsos desafios, eles podem acarretar sequelas à saúde das crianças e dos adolescentes”, destaca.

Nas escolas, a recomendação é agir rapidamente ao menor sinal desse tipo de prática.

“Chamar os pais para conversarem, né? Uma conscientização. Esse alerta que o Ministério Público de Minas Gerais fez foi justamente para conscientizar todos os atores envolvidos, né? Porque esse desafio do tórax, ele foi feito dentro de uma escola, né? Vejam como é grave essa situação”, alerta Giovanna.

Ação conjunta da sociedade

Além de pais e escolas, o Ministério Público, o Conselho Tutelar e outros órgãos de proteção devem atuar de forma integrada.

“Quando a escola tiver conhecimento de uma prática como essa, é necessário que haja toda uma articulação com os pais, inclusive buscar o apoio dos órgãos, né, como o Ministério Público, Conselho Tutelar, para que haja uma conscientização. Porque o adolescente e a criança, eles não têm a total dimensão do risco que esse tipo de desafio pode acarretar, né, para saúde e para a vida delas”, afirma a promotora.

Ela cita ainda um caso emblemático ocorrido fora de Minas, que expõe os perigos dessas práticas. “Vocês, né, a gente teve um caso lá no Distrito Federal de uma menina de 8 anos que inalou um desodorante e acabou falecendo em decorrência dessa prática. Então, é necessário uma conscientização de todos os atores envolvidos”, reforça.

O Ministério Público de Minas Gerais se coloca como parceiro das famílias na orientação e prevenção desse tipo de conduta. “O Ministério Público entra nesse papel de fiscalização, de acompanhamento das crianças e dos adolescentes no ambiente escolar, né?”, pondera.

“Então, é necessário que haja essa articulação da sociedade com os demais atores envolvidos e o Ministério Público é um grande parceiro, né, dos pais, para que a gente combata esse tipo de desafio com informação, com conscientização, que é só assim que a gente vai conseguir, né, que as nossas crianças e os nossos adolescentes estejam, é, pelo menos seguros, na medida do que é possível hoje em dia”, finaliza.

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Roberth R Costa

Atuo há quase 13 anos com jornalismo digital. Coordenador Multimídia. Rede 98 | 98 News

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