Um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu microgeradores capazes de gerar energia elétrica por meio da captura do movimento humano. Trata-se de uma tecnologia sustentável que pode contribuir para suprir a demanda de iluminação dos dois bandejões da universidade.
A ideia do projeto é baseada no conceito de “colheita de energia”, que transforma o movimento humano em energia elétrica assim que as pessoas entram nos restaurantes. O coordenador do projeto e professor da Escola de Engenharia, Antônio Ávila, conta que, inicialmente, o grupo desenvolveu um protótipo de um microgerador de energia para instalar na palmilha do tênis.
O protótipo seria ligado a um fio que carregaria o celular da pessoa enquanto ela caminhasse. Posteriormente, a ideia foi transferida para o piso onde as pessoas passam ao entrarem e saírem dos restaurantes da UFMG.
“Trata-se, nesse segundo caso, de uma tecnologia que já está mais ou menos cristalizada. A diferença do protótipo que desenvolvemos é que partimos da ideia de aumentar o número de microgeradores para criar um peso inteligente. Como nos restaurantes da UFMG circulam ao menos 13 mil alunos todos os dias, a ideia foi desenvolver um piso com muitos microgeradores, que será colocado na entrada e na saída dos restaurantes. A energia será produzida quando os usuários pisarem nele”, explica.
Como a tecnologia funciona?
O design do microgerador que será colocado embaixo do piso na entrada e na saída dos restaurantes foi totalmente desenvolvido e produzido pelo grupo.
“Quando a pessoa pisa e faz pressão nesse piso com os protótipos de microgeradores que criamos, a pisada comprime o sistema piezo-eletrico, e esse sistema gera a energia. A diferença para tecnologias já existentes é que, nos nossos microgeradores, em vez de vibrar o sensor piezo-eletrico, vamos comprimi-lo por meio da pisada. Para isso, desenvolvemos uma metaestrutura que garante um melhor aproveitamento do movimento de pisada”, diz o professor.
A meta-estrutura que será instalada foi gerada em impressoras 3D da Escola de Engenharia. Serão necessárias cerca de algumas dezenas de pastilhas piezo-elétricas para a entrada e a mesma quantidade para a saída do restaurante onde serão realizados os primeiros testes.
“Acabamos de fazer o protótipo da prova de conceito. Estamos falando de uma produção de energia pequena, que vai depender da quantidade de usuários do restaurante. Em um primeiro momento, a intenção é reduzir o custo de iluminação do restaurante. Mas, no futuro, ao criarmos estratégias para armazenar essa energia produzida em baterias, ela poderá ser usada para outros fins. Esse sistema poderá, por exemplo, ser usado para fornecer energia para o sistema de detectores das bibliotecas, que identificam a saída irregular de livros”, diz Ávila.
A equipe do projeto conta também com o professor Antônio Maia, do Laboratório de Automação e Controle do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia. O trabalho está sendo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Com UFMG