Minas Gerais está implantando um novo sistema digital para modernizar o atendimento ao produtor rural e ampliar o controle sanitário da agropecuária no estado. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e promete substituir o atual Sindagro, sistema usado há anos para monitorar a saúde animal e vegetal.
A diretora-geral do IMA, Luíza de Castro, explica que a plataforma vai além de uma simples atualização. “O que a gente tá criando é um novo ecossistema tecnológico, no qual a gente consegue otimizar, melhorar a vida do produtor, criando processos mais simples, menos burocráticos e, por outro lado, melhorando a qualidade das informações”, afirmou em entrevista à 98 News nesta quarta-feira (2/7).
Segundo ela, o sistema terá ferramentas de georreferenciamento, inteligência artificial, machine learning e blockchain, tecnologias que vão permitir rastreabilidade completa da produção, do nascimento dos animais ao destino final.
“Isso é fundamental para garantir a sanidade daquele animal, desde a origem até o final da sua vida. E isso é um certificado internacional”, pontuou.
Caso da gripe aviária exemplifica o impacto da tecnologia
O novo sistema já começou a ser utilizado em casos concretos, como o foco de gripe aviária registrado recentemente na região metropolitana de Belo Horizonte. Com o uso das novas ferramentas, o IMA conseguiu mapear rapidamente a área afetada e vistoriar 600 propriedades em um raio de 10 quilômetros.
“Nós saneamos, visitamos as propriedades, atestamos a segurança sanitária daquela área em 10 dias. Se a gente não tivesse ferramenta tecnológica para isso, como é que a gente ia fazer?”, questionou Luíza.
A agilidade garantiu segurança para o consumidor e para o mercado internacional. “O mercado pode continuar comprando da gente. Isso faz com que não tenha um impacto na nossa balança comercial”, destacou.
Sistema terá entregas por etapas e funcionamento completo em até três anos
O convênio com a UFLA prevê a conclusão do projeto em 36 meses, mas as entregas estão sendo feitas de forma parcelada. Segundo a diretora do IMA, já estão em uso painéis de monitoramento, alertas automáticos e ferramentas de gestão. Um aplicativo para emergências sanitárias será testado ainda este ano em um grande simulado de foco de febre aftosa, marcado para setembro em Montes Claros.
“Até o final do ano, o produtor já vai poder fazer o cadastro e todas as movimentações de forma autônoma, por aplicativo de celular ou tablet”, explicou. A expectativa é reduzir o uso de papel e tornar o atendimento mais eficiente.
Luíza reforça que o projeto envolve também mudanças nos fluxos de trabalho do próprio IMA. “Ferramenta tecnológica só funciona se a gente muda fluxo de trabalho”, resumiu.
Reconhecimento ao trabalho das equipes do IMA
Na entrevista, a diretora do IMA aproveitou para parabenizar as equipes de campo pelo trabalho no controle do foco de gripe aviária. “Eles foram muito diligentes, foram brilhantes, é um orgulho conduzir essa equipe”, disse.
A conclusão do atendimento ao caso, com o encerramento formal do foco, foi registrada nesta terça-feira (2), 28 dias após a detecção inicial do vírus.