Ser jornalista, hoje, não é só uma profissão, virou uma prova de resistência. Não por acaso, mas por uma batalha desleal travada contra uma legião de “influencers” e “mal influencers” que confundem informação com palanque e notoriedade com credibilidade.
A notícia, esta velha e honesta senhora, não tem obrigações ideológicas, não bate palmas para lados, não carrega bandeira e não veste a camisa de time nenhum. Sua única dívida é com a realidade: apurar, verificar, conferir e informar. Simples assim. Ou deveria ser.
Enquanto isso, nas redes sociais, floresce uma fauna de formadores de opinião que não têm compromisso com nada além do alcance e dos likes. Não raro, são mais “influentes” do que a própria informação, e isso não deixa de assustar. Porque o que passa por notícia não passa, muitas vezes, de uma opinião travestida de fato, de uma mentira disfarçada de “verdade alternativa”.
Fazer jornalismo sério dá trabalho. Exige método, suor e, às vezes, uma boa dose de paciência para não desanimar quando uma “live” improvisada recebe mais atenção do que uma matéria apurada com rigor e cuidado. Porque, no reino do algoritmo, quem grita mais alto parece ganhar o trono, enquanto quem tenta informar com equilíbrio acaba relegado às sombras.
Mas não nos enganemos: mesmo sufocado por uma selva de amadores e oportunistas, o jornalismo não morre tão fácil assim. Porque informação de qualidade não é simples produto de vitrine; é uma necessidade vital para uma sociedade livre e crítica. Não precisa de fogos de artifício para acontecer. Precisa de compromisso, de apuração e de respeito à inteligência de quem lê, ouve e assiste.
Sim, é uma batalha dura e ingrata. Sim, às vezes dá vontade de jogar a caneta para o alto e ir vender picolé na praia. Mas, enquanto houver quem prefira uma notícia honesta a uma “verdade customizada para agradar à bolha”, enquanto existir quem exija mais fatos e menos gritaria, o jornalismo não apenas sobreviverá, ele florescerá.
Afinal, não dá para construir democracia com manchete falsa e não dá para transformar uma sociedade livre com informação de encomenda. O bom jornalismo não dá espetáculo, mas dá uma chance para a lucidez. E isso, num tempo tão marcado pela pressa e pela superficialidade, não tem preço. É privilégio e compromisso. É desafio e missão.
Se não for pedir demais, vamos continuar lutando para que a notícia não se perca no caos do algoritmo. Porque informação não precisa de fantasia para ser importante. Precisa apenas ser clara, honesta e feita para quem deseja não só consumir conteúdo, mas pensar, refletir e, quem sabe, transformar.