Você vai à farmácia, fala com o farmacêutico, pega o seu remédio e sai. Amanhã, pode ser que você fale com o robô.
A Walgreens está apostando 500 milhões de dólares em centros robotizados que separam, embalam e validam prescrições médicas. 16 milhões de receitas por mês já passam por máquinas — e não por mãos humanas.
Em Portugal, o farmacêutico pede e o robô traz. Simples assim. Enquanto a gente discute inteligência artificial no escritório, farmácias em todo o mundo estão sendo silenciosamente automatizadas.
Robôs de 11 toneladas trabalham 24 horas por dia, processam receitas três vezes mais rápido do que seres humanos — e nunca cometem erros de dispensação. Isso libera o farmacêutico para focar no cliente, dizem os defensores.
Mas a pergunta incômoda permanece: se uma máquina pode fazer 80% do trabalho de um farmacêutico, por que ainda precisamos de tantos?
Farmácias robotizadas ganham 46% mais espaço comercial. O retorno sobre o investimento vem em dois ou três anos. Zero erro de estoque. Gestão perfeita de medicamentos de alto custo.
Os números são sedutores. Mas, quando você automatiza a separação, a validação, o estoque e até a dispensação, o que sobra para o profissional?
Conversas sobre efeitos colaterais? Orientações sobre posologia? Se 75 países já permitem a venda de medicamentos online… Se farmácias não tripuladas funcionam 24/7… Se robôs fazem de tudo — e mais rápido…
Qual é exatamente o futuro da profissão farmacêutica?
Talvez seja sobre descobrir o que uma máquina nunca vai poder fazer: oferecer empatia quando alguém está vulnerável. Interpretar um olhar de dúvida. Sentir quando algo não está sendo dito.
O futuro das farmácias já chegou. E a pergunta é: onde fica o farmacêutico nesse futuro?