A inteligência artificial provoca fascínio e temor, mas será que esse medo é realmente novo? Na verdade, toda grande inovação sempre gerou um certo arrepio. Quando surgiram os primeiros automóveis, dizia-se que a velocidade acima de 60 km/h poderia causar danos permanentes. Quando os livros impressos começaram a circular, muitos temeram pela perda da tradição moral.
A inovação sempre incomodou, não por si só, mas por desafiar nossas certezas. Hoje, é a inteligência artificial que ocupa esse lugar. Muitos alertam para riscos éticos e sociais; outros celebram os avanços. E, como sempre, a verdade está entre esses extremos. Mas talvez o mais importante não seja discutir se a IA é boa ou ruim, e sim quem a controla. Porque, como qualquer tecnologia poderosa, ela pode libertar ou dominar.
Pode ser uma ferramenta coletiva ou um instrumento de poder concentrado. A mitologia grega conta que Prometeu roubou o fogo dos deuses e o entregou à humanidade. E se ele tivesse falhado? E se o fogo, o saber, tivesse permanecido exclusivo dos poucos lá no topo? Essa é a pergunta central da nossa era digital. Se a inteligência artificial for restrita a grandes corporações, será apenas um fogo guardado no Olimpo.
Mas, se for socializada, educada, democratizada, pode iluminar caminhos na saúde, na educação, na justiça. A questão, portanto, não é temer a inteligência artificial, é garantir que ela sirva à humanidade, e não o contrário. Porque o futuro, como o fogo de Prometeu, só faz sentido se for para aquecer a todos.