Sábado é dia de Matula 98 e neste 26 de julho vamos falar da importância do reconhecimento da nossa cultura e das nossas tradições. Especialmente do modo de fazer queijo minas artesanal, declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Convidados que deixam a conversa melhor
E para deixar essa conversa ainda mais gostosa, o programa recebe Roger Alves Vieira e João Paulo Martins. Roger é assessor da Presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas. Coordenou, em 2022, a candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal à Lista Representativa do Patrimônio da Humanidade chancelada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
João Paulo Martins é Presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG. É historiador formado pela UFMG e arquiteto graduado pela UFOP. Trabalhou na área de patrimônio imaterial na Prefeitura Municipal de Ouro Preto, foi Chefe do Escritório Técnico do IPHAN em Mariana e Coordenador Técnico da Superintendência do IPHAN em Minas Gerais.
Reconhecimento do Modo de Fazer Queijo Minas Artesanal pela Unesco
A candidatura do queijo minas artesanal como patrimônio cultural desperta não apenas o orgulho dos mineiros, mas também um debate importante sobre a valorização dos saberes tradicionais e das práticas alimentares que fazem parte da identidade de um povo.
O reconhecimento oficial desse tipo de bem traz mudanças concretas para quem vive, produz e mantém viva essa herança. Entre os principais efeitos estão o fortalecimento das políticas públicas, a valorização econômica e turística do bem, além da garantia de ações para a sua preservação e continuidade ao longo do tempo.
A história do queijo minas artesanal é longa e enraizada no território mineiro. Mas a ideia de sua candidatura como patrimônio cultural e, mais recentemente, sua tentativa de reconhecimento internacional pela Unesco surgiu a partir do desejo de proteger não apenas o produto final, mas todo o saber que envolve seu modo de fazer.
Para que a candidatura avançasse, foi necessário realizar um amplo mapeamento dos territórios e das regiões queijeiras do estado. Regiões como Serro, Canastra, Araxá, Cerrado e Campo das Vertentes se destacam por manter técnicas específicas de produção, cada uma com suas particularidades, influenciadas pelo clima, tipo de solo, pastagem e tradição local.
Esse mapeamento foi essencial para compreender a diversidade presente nos modos de fazer e para identificar os elementos que caracterizam o Queijo Minas Artesanal como patrimônio cultural imaterial.
O processo contou com a participação ativa de produtores, que compartilharam seus conhecimentos e vivências, além de pesquisadores, universidades e órgãos técnicos que contribuíram com estudos e levantamentos. Instituições públicas, como o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), desempenharam papel fundamental. O IEPHA é responsável por coordenar os processos de registro e proteção de bens culturais no estado e atua diretamente no reconhecimento de patrimônios imateriais por meio de inventários, pareceres técnicos e planos de salvaguarda.
Muito além da receita
Proteger o “modo de fazer” de um queijo vai muito além de registrar uma receita. É cultivar tradições que atravessam gerações, feitas de gestos precisos, de utensílios que contam histórias, do tempo certo que o queijo pede para nascer. É respeitar o tipo de leite, os rituais silenciosos da produção, o vocabulário regional que colore o cotidiano dos que vivem desse saber. É manter viva uma herança que pulsa junto à paisagem, ao território e à memória coletiva de um povo.
Preservar essas práticas é guardar a alma de uma cultura. É não deixar que o tempo apague os traços de quem moldou, com as mãos e com o coração, um modo de vida. É proteger lembranças, cheiros, sabores, tudo aquilo que constrói pertencimento. Manter o “modo de fazer” é também manter vivas as pessoas que, com afeto e resistência, seguem repetindo os mesmos gestos que um dia aprenderam com seus ancestrais.
Quando esse saber é reconhecido, ganha voz. Cruza fronteiras. E leva consigo a imagem de Minas Gerais como terra de cultura viva, de saberes ancestrais e da mais pura expressão do sabor. Um lugar onde tradição e futuro caminham juntos, gerando identidade, acolhimento e oportunidades. Porque ao valorizar o que é da terra, valoriza-se também quem a cultiva com memória, cuidado e verdade.
Quer assistir novamente? Fica tranquilo que é fácil
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