Falar em público não é fácil, nunca foi e não é frescura, é biológico. Quando o cérebro interpreta uma situação como ameaça, como falar diante de uma plateia, o corpo reage como se estivesse em perigo físico: a respiração encurta e até a memória falha. Isso tem nome: resposta de fuga ou luta. A forma de lidar com isso é dar ao corpo controle. Mas como?
Antes de falar, ande. De acordo com Joe Navarro, ex-agente do FBI e especialista em linguagem corporal, o movimento diminui a descarga de adrenalina. Caminhar por 2 a 3 minutos com ritmo ativa o raciocínio lógico. Respire com controle, faça respirações longas, solte o ar devagar para desacelerar o coração. Depois, movimente a mandíbula em círculos lentos para diminuir a tensão na região.
Outra sugestão é preparar o início. Treine só os primeiros 30 segundos. Ali, o cérebro decide se vai continuar em pânico ou não. Faça isso em voz alta, grave, ouça e repita. Nunca fique parado em pé com os braços colados ao corpo. O corpo comunica antes da voz.
Mantenha os pés na largura dos ombros, o peito aberto e o queixo paralelo ao chão para dizer ao cérebro que você domina a situação, mesmo que por dentro não domine. Olhe para as mãos enquanto treina. Não deixe os braços soltos. Faça gestos amplos, associando esses movimentos aos trechos do conteúdo. Assim, a mente cria memória gestual. É técnica — e funciona.
Se o medo continuar, normalize. Não diga: “Eu tô nervoso” ou “Sou tímido”. O outro não precisa da sua confissão, precisa da mensagem. Com treino, o corpo aprende. Falar bem dá trabalho, sim. Mas o que trava a fala não é a falta de conteúdo, é a falta de método. A boa notícia: método se aprende, porque o conteúdo você já domina.