“Os jogos podem ser muito mais que entretenimento”, afirma Pedro Cordeiro Ferreira, programador e desenvolvedor de games, responsável por ministrar a oficina gratuita de introdução ao desenvolvimento de jogos promovida pela UFMG, em entrevista a 98 News. A iniciativa, com 20 horas de duração, busca apresentar aos participantes a Unity, uma das plataformas mais utilizadas na criação de games, e abrir portas para quem deseja ingressar nesse mercado.
Segundo Pedro, o curso é voltado para pessoas com ou sem experiência em programação. “Vamos criar um jogo de plataforma simples, como um Super Mario, para que os alunos entendam movimentação, animação, efeitos e som. O objetivo é dar base para que continuem estudando e desenvolvendo por conta própria”, explica.
Formação qualificada, mas pouca estrutura
Minas Gerais conta com mão de obra capacitada para atuar no setor de jogos digitais, com profissionais formados em cursos de computação, animação e até graduações específicas em games. No entanto, a falta de oportunidades no Brasil faz com que muitos atuem como outsourcing para empresas estrangeiras.
“A gente tem ótimos animadores, ilustradores e programadores, mas muitas vezes eles acabam trabalhando para fora. Não temos ainda um mercado amplo que absorva essa mão de obra”, ressalta Pedro.
A importância do incentivo público
Para que esse cenário mude, o desenvolvedor aponta a necessidade de infraestrutura e políticas de incentivo. A própria oficina da UFMG faz parte do programa BH nas Telas, que busca fomentar a indústria cultural no estado.
“Precisamos quebrar essa primeira barreira de incentivo para que os pequenos estúdios consigam criar protótipos e mostrar que têm capacidade de produzir jogos de qualidade”, afirma.
Ecossistemas e organização do setor
Pedro destaca que prefeituras e governos podem ter papel estratégico na construção de ecossistemas de negócios para os estúdios independentes, como aconteceu em Belo Horizonte com o São Pedro Valley para startups de tecnologia. Mas reforça que também é essencial que os próprios profissionais se organizem.
“A indústria cultural no Brasil ainda é muito precarizada, e isso inclui jogos, animação e ilustração. Precisamos garantir condições de trabalho melhores para que os desenvolvedores consigam produzir coisas cada vez mais relevantes.”