Mesmo diante de um cenário econômico adverso, a indústria de Minas Gerais demonstrou força no primeiro semestre de 2025. Segundo análise da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o setor foi sustentado por uma demanda interna aquecida, favorecida pela taxa de desemprego em níveis historicamente baixos.
“Esse cenário sustenta o consumo e a renda, permitindo a resiliência da indústria”, afirmou o economista da FIEMG, Arthur Augusto.
No entanto, o mês de junho apresentou retração em alguns indicadores. O faturamento recuou 8,2% em relação a maio, puxado pela indústria extrativa mineral, impactada pela redução de pedidos no mercado interno e externo. Já o emprego industrial caiu 0,5%, devido principalmente a demissões por redução de produção. Augusto pondera que é preciso aguardar os próximos dados para entender se o movimento é pontual ou se pode indicar uma tendência.
O economista destacou que o relatório se refere a junho e, portanto, ainda não reflete os efeitos da tarifa extra de 50% sobre produtos de exportação brasileiros, anunciada em julho.
“Nos próximos meses, poderemos ver esse impacto nos dados, mas o índice de confiança que a FIEMG produz mensalmente deve captar melhor essa percepção do empresariado”, explicou.
Mesmo com queda no faturamento e no emprego, outros indicadores seguem positivos. As horas trabalhadas cresceram 2,4% e a utilização da capacidade instalada subiu de 79,9% em janeiro para 83,7% em junho, um avanço de 3,8 pontos percentuais.
O cenário para o restante do ano, porém, exige cautela. “2025 está sendo mais difícil que 2024, com taxa Selic em 15%, o maior patamar dos últimos 19 anos, e desaceleração no mercado de crédito”, alertou. Ainda assim, a FIEMG acredita que a indústria seguirá mantendo sua resiliência, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e demanda interna forte, embora pressionada por fatores que podem impactar negativamente a atividade.