O mercado livre de energia já responde por quase metade do consumo nacional e deve crescer ainda mais nos próximos anos. Até abril de 2025, o segmento registrou alta de 15% e superou a marca de 32 mil megawatts médios.
Na prática, esse ambiente permite que empresas e consumidores escolham de quem comprar energia, estimulando concorrência e descontos na conta. A Cemig, que atua há 20 anos nesse setor, afirma estar preparada para ampliar sua presença e liderar a abertura do mercado também para o público residencial.
Descontos e liberdade de escolha
Segundo o vice-presidente de comercialização da Cemig, Sérgio Lopes, a mudança já traz ganhos reais. “O Mercado Livre traz um ganho para o consumidor, que pode escolher qual operadora vai entregar sua energia. Isso gera concorrência e um desconto que hoje varia de 20% a 30%. Energia é uma das contas que mais pesam, tanto para o empresário quanto para o cidadão, e esse desconto é muito bem-vindo.”
Ele destaca que a Cemig é líder nacional no setor. “A Cemig será a primeira empresa a chegar a 10 mil unidades consumidoras no Brasil. Desde o início da abertura do mercado entramos de cabeça e a tendência é que esse avanço continue, inclusive com a previsão de abertura para residências nos próximos dois anos.”
Quem já migrou
Hoje, a base de clientes da companhia se divide entre grandes consumidores e empresas de médio porte. “Temos algo em torno de 6 a 7 mil no atacado — mineração, agro, farmacêuticos, setores estratégicos de Minas — e cerca de 3 mil no varejo, que se abriu no ano passado. No varejo, falamos de contas em torno de R$ 10 mil. Já somos líderes em Minas e no Brasil.”
Inovação com e-commerce
Para ampliar o alcance, a Cemig lançou o primeiro e-commerce de energia do país. “Dentro do e-commerce o cliente faz toda a jornada: compara preços, assina contrato e conclui o processo online. É um passo importante, porque traz agilidade e comodidade. Mas é preciso divulgar esse direito para que o consumidor saiba que pode escolher sua fornecedora.”
Investimentos e matriz limpa
A companhia também aposta em reforço de rede e geração renovável. “A Cemig é uma empresa integrada: geração, transmissão, distribuição e comercialização. Estamos investindo R$ 6 bilhões por ano, chegando a R$ 60 bilhões até 2029, o maior investimento da história da companhia. Nossa matriz é 100% limpa, com energia hidráulica, solar e eólica, e isso cada vez mais importa para o consumidor.”
Impacto econômico
Além de reduzir custos, a abertura do mercado tem efeito direto no desenvolvimento regional. “A cada R$ 1 que o empresário deixa de gastar com energia, gera dois ou três empregos. Diminuir custos ajuda a criar negócios, empregos e dinamismo econômico. Esse já é o impacto visível em Minas Gerais.”
Concorrência e perspectivas
Lopes avalia que o setor seguirá em expansão e atrairá novos investidores internacionais. “Vamos ver mais investimentos em energia limpa e mais concorrência, o que tende a reduzir preços e beneficiar o consumidor. O grande ponto é dar poder de escolha ao cidadão.”
Apesar dos avanços, ele ressalta que o marco regulatório ainda precisa evoluir. “O mercado não está no platô, ainda carece de ajustes para garantir concorrência saudável e proteger o consumidor. A Cemig já trilhou esse caminho, mas queremos um setor sólido, em que o cidadão enxergue valor.”