Em junho deste ano, a Polícia Federal fechou o cerco a uma quadrilha especializada em furtos de produtos dos Correios e do Mercado Livre. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Minas Gerais e na Bahia. A ação foi deflagrada para tentar coibir um crime que aumenta cada vez mais no território mineiro. Somente neste ano, a alta nos furtos de cargas é de quase 16%.
Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), compilados pela Rádio 98, mostram que de janeiro a julho, foram registradas 316 ocorrências de furtos de cargas, média de 45 por mês. Em 2024, foram 273 registros no mesmo período.
Balanço coloca em foco a triste realidade dos motoristas mineiros: as rodovias continuam perigosas. Para se ter uma ideia, em 2024 Minas Gerais foi o terceiro estado com mais roubo de cargas do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo a Sejusp, as prisões também aumentaram no mesmo período. Neste ano, foram 88 pessoas detidas em decorrência do crime, uma alta de 125% em relação ao mesmo período do ano passado.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Junior, afirma que o aumento está diretamente ligado a situação econômica do país e a impunidade.
“Toda vez que a situação econômica e a situação financeira aperta, o número de roubos de carga aumenta. Outro fato que auxilia e ajuda muito a aumentar o roubo de carga são a falta de punibilidade aos ladrões e aos receptadores”, disse.
Alvos dos criminosos
Segundo Antonio Junior, em cada região de Minas Gerais há um produto alvo das quadrilhas. “No Triângulo Mineiro, nós temos roubos de eletrônicos, cigarro, café. Nós temos produtos siderúrgicos e nós temos hoje até combustível sendo roubado. Então, não têm uma carga específica. Normalmente o roubo de carga é o roubo da carga que tem o descarte mais rápido”, explicou.
O presidente do Setcemg afirma que as rodovias mais perigosas ficam nas regiões que têm uma facilidade de fuga, como Sul de Minas, Zona da Mata, Triângulo Mineiro.
Para tentar impedir o aumento do crime, o sindicato criou grupos técnicos de segurança e prevenção, além de oferecer treinamento às empresas. “As ações dentro das empresas estão muito avançadas. Questões tecnológicas, como rastreadores, iscas de dentro da carga e o monitoramento do caminhão num tempo menor. Esses são os que as transportadoras estão fazendo”, comentou.