Hoje vamos falar sobre o transporte coletivo, pois ele é estratégico para o desenvolvimento e também para a qualidade de vida nas nossas cidades. Afinal, garante o direito de ir e vir, o acesso ao trabalho, ao estudo, à saúde, ao lazer e à cultura.
Mas como garantir um sistema de transporte coletivo que seja, ao mesmo tempo, eficiente, acessível e sustentável? Essa questão ganhou uma nova dimensão em Belo Horizonte com o Projeto de Lei 60/2025, que propõe a implementação da tarifa zero na capital mineira. Um estudo produzido por economistas da UFMG trouxe dados concretos para este debate.
O trabalho revela que a contribuição empresarial prevista neste projeto, de cerca de R$ 185 por funcionário por mês, representaria um impacto de apenas 0,9% na folha salarial das empresas — já considerando a substituição do atual gasto com vale-transporte.
Outro dado relevante é que 80% das empresas da capital são microempresas e, portanto, estariam isentas dessa contribuição, economizando com o fim do vale-transporte.
Os números de outras cidades que adotaram a tarifa zero também são animadores. Um estudo da FGV encontrou resultados expressivos nos municípios que implementaram a gratuidade, como aumento no número de empresas, crescimento dos empregos formais e até mesmo redução na emissão de gases de efeito estufa.
Até o momento, 154 cidades brasileiras já adotaram a tarifa zero, mas apenas 12 delas possuem mais de 100 mil habitantes. Talvez, para grandes metrópoles como São Paulo, Rio ou Belo Horizonte, os desafios sejam ainda maiores. Mas é importante destacar: a gratuidade por si só não resolve todos os problemas.
É preciso também assegurar qualidade no serviço, integração tarifária, pontualidade, segurança, capilaridade da rede e outros aspectos fundamentais.
O que fica claro é que o debate sobre a tarifa zero em Belo Horizonte não trata apenas da gratuidade, mas de um novo modelo de financiamento e de uma priorização do transporte público coletivo.
Um modelo que reconhece que toda a sociedade se beneficia de um sistema de transporte eficiente e, portanto, deve contribuir para o seu custeio.