A pressão arterial considerada ideal por décadas deixou de ser vista como um parâmetro de normalidade no Brasil. Uma nova diretriz conjunta da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) passou a enquadrar como pré-hipertensão os valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9.
Até então, essa faixa era classificada como “normal limítrofe”, ou seja, sem grandes motivos para preocupação. Agora, especialistas defendem que os números funcionem como um alerta precoce. O objetivo é incentivar mudanças de hábitos e evitar que a pressão evolua para um quadro de hipertensão.
A diretriz conjunta foi apresentada nesta quinta-feira (18/9), durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, e acompanha um movimento internacional. Em 2024, a Sociedade Europeia de Cardiologia também passou a enquadrar a pressão 12 por 8 como elevada.
E agora? Devo tomar remédio?
Apesar da mudança, a recomendação para quem está nessa faixa não envolve, em regra, o uso imediato de medicamentos. Médicos orientam que os pacientes priorizem medidas não farmacológicas, como perda de peso, prática de atividades físicas regulares, redução do consumo de sal, maior ingestão de potássio e adoção de padrões alimentares saudáveis.
O tratamento com remédios, segundo a diretriz, é indicado apenas em dois cenários: para pessoas com pressão entre 130 por 80 e 139 por 89 que, após três meses de mudanças no estilo de vida, mantenham os números altos e tenham risco cardiovascular elevado; ou para quem apresenta pressão arterial a partir de 140 por 90.
Nesses casos, a intervenção medicamentosa se torna fundamental para reduzir complicações como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e insuficiência renal.
Para os especialistas, a principal mensagem é de prevenção. “Quanto mais cedo o paciente identificar o risco e adotar novos hábitos, maior a chance de evitar a hipertensão e suas consequências”, destacam as entidades médicas.