O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez nesta terça-feira (23/9) um longo discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Trump falou sem teleprompter, em tom improvisado, e alternou críticas duras à ONU e a governos estrangeiros, entre eles o Brasil, com a defesa de sua agenda econômica e migratória.
Economia e ‘nova era dourada’
Trump iniciou exaltando o que chamou de “a era dourada da América”. Disse que em apenas oito meses de governo teria revertido “o desastre” herdado de Joe Biden, destacando queda na inflação, nos juros e nos preços de energia. O republicano afirmou que os Estados Unidos já receberam compromissos de US$ 17 trilhões em novos investimentos internacionais desde que voltou ao poder.
Fronteiras e imigração
A segurança da fronteira sul foi um dos pontos centrais. Trump afirmou que, nos últimos quatro meses, nenhum imigrante irregular entrou nos EUA, contrastando a situação atual com o que chamou de “invasão de milhões” sob o governo anterior. Ele agradeceu a El Salvador por colaborar na detenção de criminosos enviados de volta pela política migratória norte-americana.
Guerras e política externa
O presidente declarou ter encerrado sete guerras em sete meses, citando conflitos históricos em países como Camboja, Sérvia, Congo, Índia, Paquistão, Egito, Irã e Azerbaijão. Trump lamentou que a ONU “não tenha sequer tentado ajudar” nessas negociações. Também mencionou os Acordos de Abraão, que aproximaram Israel e países árabes, e voltou a reivindicar crédito por iniciativas de paz.
Críticas à ONU
O republicano criticou a ONU por se limitar a “cartas com palavras vazias” e recordou, em tom irônico, que a organização lhe entregou “um teleprompter quebrado e uma escada rolante que parou com a primeira-dama em cima”. Ele também relembrou que, antes de ser presidente, ofereceu-se para reformar a sede da ONU por US$ 500 milhões — proposta rejeitada, segundo ele, em favor de uma obra “inferior e superfaturada”.
Irã e Oriente Médio
Trump afirmou que realizou a Operação Midnight Hammer, na qual bombardeiros B-2 destruíram instalações nucleares iranianas. Segundo ele, a ação forçou Teerã a aceitar um cessar-fogo de 12 dias com Israel. Sobre Gaza, disse que é necessário parar imediatamente a guerra e exigiu que o Hamas liberte todos os reféns antes de qualquer acordo.
Ucrânia e Rússia
Em relação à guerra na Ucrânia, Trump voltou a dizer que o conflito nunca teria começado se ele fosse presidente. Criticou países europeus que continuam comprando energia da Rússia, e defendeu a imposição de tarifas como forma de forçar Moscou a negociar a paz.
Migração global e críticas à ONU
Trump acusou a ONU de financiar migrações ilegais para os EUA, citando recursos destinados a abrigar e transportar migrantes. Segundo ele, a Europa também estaria “à beira da destruição” devido à imigração em massa e a políticas de energia verde.
Cartéis e Venezuela
O ex-presidente anunciou que classificou cartéis de drogas e gangues como organizações terroristas, citando o grupo venezuelano Tren de Aragua. Disse ainda que ordenou ataques militares contra redes de narcotráfico ligadas ao governo de Nicolás Maduro.
Energia e clima
Trump defendeu o uso de combustíveis fósseis e atacou energias renováveis, que chamou de “piada” e “golpe verde”. Criticou o Acordo de Paris, acusando países como China e Rússia de não cumprirem metas enquanto os EUA “pagavam a conta”.
Relação com o Brasil
No discurso, Trump mencionou diretamente o Brasil. Ele acusou o país de censura e repressão política e afirmou que, por isso, sua administração impôs tarifas de retaliação. Em tom pessoal, contou que cumprimentou o presidente brasileiro nos bastidores e disse ter sentido “boa química”, apesar das divergências.
Defesa de valores e encerramento
Trump encerrou convocando os países a “proteger fronteiras, preservar tradições e lutar pelos sonhos de seus cidadãos”. Criticou a “energia verde” e a “imigração em massa” como ameaças às democracias ocidentais. Em tom nacionalista, exaltou a herança histórica das nações e disse esperar que o mundo escolha “um futuro de paz, prosperidade e soberania”.