Os crescentes casos de contaminação por bebidas adulteradas no Brasil acenderam um alerta importante para o setor de bares e restaurantes. Em Belo Horizonte, alguns estabelecimentos optaram por suspender a venda de bebidas destiladas até que a situação se normalize.
É o caso do Quinteiro Bar, localizado no bairro Floresta, na região Leste de BH. “Tomamos uma decisão importante e particular aqui no Quinteiro: suspender temporariamente o uso de destilados de grandes marcas até que haja esclarecimentos oficiais sobre os casos recentes de bebidas adulteradas. Seguimos com nossa carta de drinks e bebidas locais, que sempre foram grandes protagonistas de BH”, informou o estabelecimento nas redes.
Essa decisão também foi tomada pelo Café Bonjour, no bairro de Lourdes na região Centro-Sul da capital. O estabelecimento garantiu que todas as bebidas são adquiridas de fornecedores de alto padrão, mas que, ainda assim, a venda de destilados está suspensa.
“Priorizamos a qualidade e não o preço. Mesmo assim, a fim de manter a segurança de todos que frequentam a casa, pausamos a venda de bebidas alcoólicas à base de destilados, até que encontramos mais informações sobre lotes, marcas e afins”, comunicou.
O Minas Tênis Clube e o Iate Tênis Clube também tomaram essa medida até segunda ordem.
Bares recebem orientação sobre bebidas
Em conversa com a Rede 98, presidente executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, disse que a entidade está investindo em conscientização e capacitação para que os empresários do setor consigam identificar bebidas que procedência duvidosa.
“Estamos fazendo cursos gratuitos para bares e empresários do setor, todos os dias, das 10h às 15h. Em apenas dois dias, mais de 13 mil empresários já foram qualificados. São dicas simples, mas muito importantes e eficientes para fazer o primeiro filtro contra a bandidagem e evitar bebida falsificada”, declarou ele.
O principal ponto de atenção, segundo ele, é comprar as bebidas de fornecedores confiáveis e com boa reputação do mercado, além de exigir a nota fiscal desses produtos.
“A nota fiscal não garante 100% que o produto não é falsificado, mas bandido não quer pagar imposto. A nota fiscal normalmente não é prática de bandido”, disse.
Se o preço da bebida estiver muito abaixo do valor praticado no mercado, o empreendedor deve acender o sinal de alerta. “Se o produto estiver 40% ou 50% abaixo do preço normal, desconfie. Muito provavelmente não é original”, disse.
Também é necessário prestar atenção nos lacres e embalagens dos produtos. “Bebidas de qualidade têm lacres bem feitos, muitas vezes em alto-relevo. O falsificador usa gráfica rápida, fica torto, mal colocado. Há também o selo da Receita Federal, feito pela Casa da Moeda. Ele é de altíssima qualidade e difícil de falsificar. O falsificador costuma usar xerox ou impressão ruim”, continuou.
Outra recomendação importante aos donos de bares, segundo Solmucci, é não reutilizar garrafas de bebidas mais caras, que são justamente as mais visadas. “O ideal é quebrar a garrafa. Se não for possível, ao menos quebrem o gargalo. Assim, ela não poderá ser usada por falsificadores, porque não têm como produzir garrafas personalizadas de alto custo”, finalizou.
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