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Imposto de renda
(Joédson Alves/Agência Brasil)

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O governo anunciou a proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês. A medida é popular e tem grande apelo social, já que alivia a carga sobre milhões de brasileiros da classe média. Para compensar a perda estimada de arrecadação, avaliada em R$ 25 bilhões por ano, a ideia é aumentar a taxação sobre rendimentos mais altos, como lucros, dividendos e aplicações financeiras.

O problema é que essa proposta levanta preocupações. Em primeiro lugar, não há no Brasil uma política sistemática de correção da tabela do imposto de renda. O valor de R$ 5.000, ainda que relevante, não corresponde à correção pelo IPCA desde 1996. Além disso, não há clareza sobre quando ou como uma nova atualização será feita. Outro desafio está na própria compensação.

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A teoria é simples: aumentar impostos em alguns pontos para cobrir a redução em outros. Mas, na prática, os contribuintes que seriam impactados tendem a se ajustar, reduzindo a base arrecadatória efetiva. O resultado é que a conta dificilmente fecha integralmente, e a medida tende a ser deficitária.

Há ainda o risco de que essa iniciativa seja apenas mais uma resposta de curto prazo, com forte apelo político, mas sem atacar a raiz do problema: um sistema tributário complexo, cheio de distorções e dependente de remendos pontuais em vez de reformas estruturais. Em economia, não existe alquimia — não basta isentar alguns e taxar outros.

Se a política tributária não for consistente, transparente e previsível, o resultado será mais desequilíbrio fiscal, incerteza e, no fim das contas, menos espaço para políticas públicas sustentáveis. O alívio para quem ganha até R$ 5.000 é positivo no curto prazo, mas sem uma política clara de correção da tabela e sem uma compensação sólida, a medida corre o risco de ser mais um gasto populista do que uma solução duradoura.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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