As declarações recentes do presidente Lula sobre o telefonema com Donald Trump marcaram um momento simbólico nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo o próprio presidente brasileiro, “as coisas ficaram mais claras” e a conversa foi cordial.
Mas é impossível ignorar que esse gesto diplomático demorou demais — e o custo dessa demora foi alto.
Por meses, o governo brasileiro justificou o distanciamento político com uma suposta aproximação pragmática com Washington. Enquanto a vaidade e as diferenças ideológicas prevaleceram, os interesses nacionais ficaram em segundo plano. O resultado é concreto: as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram mais de 20%, atingindo setores fundamentais como o agronegócio, o aço e a indústria de manufaturados.
A diplomacia econômica é, antes de tudo, uma questão de pragmatismo. Países não mantêm relações de amizade, mas de interesse. E quando o Brasil se afasta da maior economia do mundo, perde espaço, mercado e relevância.
Os produtores brasileiros sentem o impacto direto dessa ausência de diálogo — com menos pedidos, mais incerteza e margens cada vez menores. O reencontro de Lula e Trump é, portanto, uma boa notícia, mas também uma oportunidade de reflexão. O mundo mudou, e o Brasil precisa entender que política externa deve servir à economia — e não o contrário.
As disputas ideológicas não pagam contas nem geram empregos. Em economia, não existe alquimia. Diplomacia e comércio caminham juntos, e quem se fecha por vaidade acaba pagando caro.
O país que coloca o interesse nacional acima das preferências políticas é o que prospera. O Brasil precisa recuperar seu protagonismo internacional, e isso começa com maturidade política e senso de oportunidade.
Em tempos de competição global, quem demora a agir perde espaço — e reconquistar esse espaço depois custa muito mais caro.