‘A Justiça tem cor?’ O mito da representatividade no Supremo Tribunal Federal

Siga no

Foto: Agência Brasil

Compartilhar matéria

Nos últimos dias, voltou à pauta a discussão sobre a “necessidade” de uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal. O tema chegou ao Congresso, com propostas de cotas raciais e de gênero para as próximas nomeações. A ideia é apresentada como avanço social, mas ignora a natureza da Corte e o papel que a Constituição lhe atribui.

O STF não existe para representar grupos, mas para interpretar a Constituição. Seus ministros não são porta-vozes de causas, partidos ou identidades. Devem julgar conforme o texto constitucional e os princípios do Estado de Direito. A toga não simboliza cor ou sexo; simboliza o dever de aplicar a lei.

Desde a Antiguidade, pensadores como Aristóteles e Montesquieu defenderam que a justiça deve ser cega às condições pessoais. O poder dos juízes deve se limitar às leis, não às pressões ou sentimentos de grupo. Transformar o Supremo em espaço de representatividade racial ou de gênero rompe esse princípio e abre caminho para a politização do tribunal.

A experiência mostra que critérios identitários em cargos públicos servem, muitas vezes, a interesses políticos, e não à qualificação técnica. O mérito, a independência e o conhecimento jurídico deveriam ser os únicos parâmetros. Como observou Alexis de Tocqueville em A Democracia na América, quando a busca por igualdade ignora a competência, as instituições perdem solidez.

Não há “cotas” para a razão nem para a justiça. O Supremo deve continuar sendo guardião da Constituição — e não vitrine de identidades. A Justiça só cumpre seu papel quando é cega.

Compartilhar matéria

Siga no

Antônio Claret Jr.

Advogado e colunista do programa 98 Talks

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

Inconfidências políticas e descontrole fiscal: o Brasil entre o improviso e a eleição

Um olhar de atenção para as crianças do Brasil

Depois do feminicídio, a luta na Justiça: pais de professora assinada querem impedir que o autor herde os bens da mãe

STF define novas regras para tributação e multas no setor de biodiesel

Político não brota da terra

Novo crédito imobiliário: medida pode ampliar endividamento e dificultar queda de juros

Últimas notícias

Lula troca Macedo por Boulos na Secretaria-Geral da Presidência

Ídolo do Cruzeiro, Fábio recebe homenagem da CBF por recorde mundial

Justiça condena pai a pagar R$ 5 mil para mãe impedida de participar do batizado do filho

Oponente do Atlético na Sul-Americana, Del Valle é quase imbatível em casa contra brasileiros

Quase 100% das obras planejadas para a COP30 estão concluídas

Quantos pontos o Cruzeiro precisa para se garantir na Libertadores de 2026?

Auxílio Gás de R$ 108 começa a ser pago nesta segunda-feira

STF derruba decisão de Barroso que autoriza enfermeiros a fazer aborto

‘Drama’ no Mineirão e eliminação nos pênaltis: relembre a última semifinal de Sul-Americana do Atlético