Era dezembro de 1925 quando Carlos Drummond de Andrade, considerado o maior poeta brasileiro, colou grau no curso de Farmácia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Cem anos depois, a instituição celebra a data com uma programação especial que relembra a passagem do escritor pela universidade e sua breve ligação com a profissão de farmacêutico.
Ainda no primeiro ano da graduação, Drummond já deixava transparecer o olhar poético que o consagraria na literatura brasileira. “Matéria é palavra que serve para definir a substância de que são feitos todos os corpos (…). A sombra afeta o órgão visual e não é matéria, mas simples ausência de luz”, escreveu ele em uma prova de Química.
As comemorações do centenário da formatura estão marcadas para o dia 7 de novembro, a partir das 9h, no auditório da Faculdade de Farmácia, no campus Pampulha. A abertura contará com o lançamento do documentário Drummond: a farmacologia das palavras, produzido pela TV UFMG.
Em seguida, às 9h40, a professora Raquel Virgínia Rocha Vilela mediará a apresentação Pedras, palavras e silêncio: o universo de Drummond. Às 10h, o ator e diretor Odilon Esteves fará a leitura dramática Drummond e a pharmácia: 100 anos de uma formatura.
O evento prossegue com o debate Drummond: entre a farmácia e a poesia, às 11h, e encerra-se às 11h30 com o descerramento de uma placa comemorativa em homenagem ao escritor. Todas as atividades são abertas ao público.
‘As palavras também curam’
Para a diretora da Faculdade de Farmácia, Ana Paula Lucas Mota, o olhar sensível de Drummond dialoga com a essência da profissão farmacêutica.
“Drummond nos lembra que, assim como os remédios curam as dores do corpo, as palavras curam as dores da alma. E, se por um lado sua desistência da Farmácia abriu caminho para salvar a literatura brasileira, para nós fica o sentimento de missão cumprida: seguimos cuidando das dores humanas: ele com a poesia, nós com a ciência”, afirma.
Mota tem uma ligação pessoal com o poeta. Formada também em Farmácia pela UFMG, em 2002, ano do centenário de nascimento de Drummond, ela lembra que sua turma levou o nome Turma Centenário Carlos Drummond de Andrade.
“É um privilégio participar de dois centenários do mesmo autor. Drummond aparece em muitas crônicas e poemas relacionados à farmácia. Sua obra é vasta e de enorme importância para todos nós”, completa.
Com UFMG
