Um levantamento apresentado na COP30, em Belém, trouxe um diagnóstico importante sobre os desafios da participação de jovens na agenda climática brasileira. A pesquisa, que faz parte da série internacional Next Generation, encomendada pelo Conselho Britânico, ouviu mais de 3 mil jovens no Brasil e mostrou que 65% deles querem agir contra as mudanças climáticas. Entre os que ainda não se engajam, 21% afirmam que simplesmente não sabem por onde começar.
O estudo revela que a falta de ação não está ligada à falta de interesse, mas principalmente à falta de acesso. Os jovens apontam três obstáculos centrais: não saber como agir, não ter informação suficiente e nunca ter recebido orientação ou experiência prática sobre o tema. “O que ouvimos é que existe disposição, existe urgência, mas o que falta é formação e caminhos reais de participação”, afirma Bárbara Cagliari, chefe de Relações Governamentais e Externas do Conselho Britânico.
A percepção de vulnerabilidade também é evidente. Para os jovens entrevistados, famílias de baixa renda, moradores de favelas, comunidades indígenas e pessoas com deficiência são os grupos mais expostos aos impactos climáticos.
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Cagliari destaca a necessidade de fortalecer o letramento climático nas escolas, de forma que adolescentes e jovens tenham ferramentas reais de participação. “Se queremos que essa geração atue na transição climática, precisamos dar as ferramentas. O conhecimento é o primeiro passo para transformar engajamento em ação”, afirma.
Durante a COP 30, jovens brasileiros puderam debater sobre mudanças climáticas com o príncipe William e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que vieram ao Brasil para a conferência. Na conversa, a principal mensagem foi a importância da escuta ativa e da participação de jovens amazônidas nas decisões sobre financiamento e políticas climáticas, valorizando o conhecimento tradicional e a vivência de quem enfrenta, no dia a dia, os impactos da crise climática na floresta.
