Imagine a situação: você e seus amigos estão num happy hour quando, de repente, começa a tocar aquela música animada que todos adoram. Daí, vocês começam a dançar e cantar a plenos pulmões. É quando acontece: pela primeira vez, você para e resolve prestar atenção na letra e descobre se tratar de um dos refrões mais melancólicos que já ouviu.
O que fazer nesse momento? Sentar num canto para refletir sobre a dor do autor, ou fingir que nada está rolando e seguir com a cantoria? Acredite, a indústria fonográfica vive pregando esse tipo de peça. São diversos exemplos de canções que agitam a balada, ao mesmo tempo que contam uma história bem pesada.
Por isso, o RadioCast de hoje traz o seu Top 5, Músicas alegremente tristes, ou tristemente alegres. Pode escolher! É pra dançar e chorar…ao mesmo tempo.
5. Outkast – Hey ya
No ano de 2003 não havia uma baladinha que não tocasse esse som. Puro alto astral em sua proposta se desconsiderarmos a letra, é claro. Hey Ya foi composta e produzida por André 3000 para o álbum The love below, ou na tradução livre, O Amor Abaixo.
Não à toa, todo o disco se presta a falar dos dissabores de uma relação, e essa faixa, em particular, tem um “Q” de autobiográfica. Nela, André 3000 fala sobre uma relação disfuncional que viveu, em que a garota estava totalmente apaixonada, enquanto ele não sentia a mesma coisa.
“Por que estamos tão na negativa, quando sabemos que não somos felizes aqui?” este é um dos questionamentos que o cantor faz durante a letra que é bem explícita ao narrar uma relação fadada ao fracasso. Pelo menos, a música foi um tremendo sucesso, assim como seu clipe super bem humorado garantindo a quinta posição no nosso Top 5 de hoje.
4. Pumped Up Kicks – Foster the People
Já em 2010, foi lançado Torches, álbum de estreia da banda de Indie Pop Foster the People. Se você foi mais um a aderir a modinha hipster da época, certamente foi pra balada sentindo as “good vibes” desse som com a sua pulseirinha do equilíbrio.
O que talvez você não soubesse é que o single Pumped up Kicks carregava em sua letra uma história bem “bad vibes”. A canção fala sobre bulling e foi escrita na perspectiva de um jovem perturbado e delirante com pensamentos homicidas.
O caso é que os próprios integrantes da banda tiveram situações complicadas com o bulling na adolescência e resolveram externar seus sentimentos sobre a prática nessa música. Não é raro acompanharmos casos extremos disso nos EUA e a letra conta a história de Robert, o garoto cowboy que, após encontrar a arma do pai, resolve se vingar de toda injustiça sofrida.
“Todas as outras crianças com tênis caros. É melhor vocês correrem, melhor correrem mais rápido que minha bala”. Assim diz o refrão do hit que, com direito à sua ironia macabra, encabeçou o topo da Billboard americana durante várias semanas consecutivas.
3. The Cardigans – Lovefool
Não se engane pelos vocais suaves e melódicos de Nina Persson. O que temos aqui é a confissão constrangedora de uma relação tóxica. Vinda do terceiro álbum de estúdio da Banda Sueca The Cardigans, Lovefool de 1996 pode soar bastante inocente à primeira vista, mas logo percebemos do que se trata.
Imagine alguém tão obcecado pela outra pessoa que, mesmo ciente de que a relação é disfuncional e destrutiva, implora para permanecer nela. Pior, a protagonista sabe que está sendo desprezada e mesmo assim “não quer largar o osso”. Ela, literalmente, pede pra ser feita de trouxa, como a gente pode perceber em trechos da letra:
“Me ame, me ame…Diga que você me ama. Me engane, me engane…Vá em frente e me engane. Me ame, me ame…Faça de conta que me ama. Não me importo se você realmente se importa, Desde que você não se vá…Então eu choro e rezo e imploro”. Fala a verdade, é de embrulhar o estômago, né?!
2. Born in the USA – Bruce Springsteen
E com a medalha de prata do nosso TOP 5 músicas pra dançar e chorar, vamos com a dona de um dos refrões mais marcantes da história do rock. Muita gente acredita se tratar de um grande hino ufanista. Como uma grande declaração de amor aos Estados Unidos, mas não é bem assim.
Born in the USA de 1984 é um incômodo relato sobre a fatídica incursão americana na guerra do Vietnã e suas consequências para quem lá esteve. Bem distante do conceito de Terra das oportunidades, a canção começa com Bruce Springsteen dizendo o quão difícil pode ser viver nos Estados Unidos.
Com sua voz rouca e seu canto característico, ele se pôe no lugar de alguém que nasceu no interior americano e teve que enfrentar uma dura realidade de uma vida sem muita esperança. Depois de se envolver em uma confusão, o protagonista é mandado para a Guerra, segundo o próprio, para matar “o homem amarelo”.
A letra dá um salto no tempo e começa a narrar o dia a dia desse veterano de guerra que, após retornar, tenta se adequar ao mundo. 10 anos se passaram e agora ele deve lidar com as lembranças traumáticas do conflito assim como com as dificuldades de encontrar um sentido para vida, bem na sua terra natal que lhe virou as costas.
Curioso é que o emblemático refrão, carregado de desespero e ironia, poderia nunca ter existido. Isso porque o título original da música era “Vietnã”. Mas, prestes a lançar o single, Bruce recebeu do diretor de cinema Paul Schrader o roteiro de um filme chamado Born in the USA, que o fez voltar atrás e renomear sua obra icônica.
1.Jump – Van Hallen
Saltando literalmente para o primeiro lugar do nosso TOP 5 de hoje, vamos com um dos maiores clássicos da história do rock. Memorável a cada nota, Jump é, até hoje, o maior sucesso do Van Hallen. E a história começa até que de boa.
A linha de sintetizadores de “Jump” foi composta por Eddie Van Halen três anos antes do lançamento do single, mas os colegas de banda não ficaram interessados na época. Foi apenas em 1984 que o produtor Ted Templeman abordou David Lee Roth, então vocalista do grupo, para que o músico ouvisse novamente a composição.
O cara não só curtiu o som, como resolveu escrever a letra da música. E é aí que entra o B.O.
Como inspiração, Roth usou uma notícia que tinha acabado de ler: uma matéria que falava sobre um homem ameaçando cometer suicídio pulando de um prédio. E é daí que vem o título e refrão, Jump! Precisa dizer mais nada, né?! E você achando que quando eles cantavam “jump” ou “pule” era numa pegada super otimista…fazer o quê?!
Se serve de consolo, a letra até esboça uma certa empatia com a pessoa que está passando pela situação. No entanto, após dizer que entende o problema, a música praticamente diz que “pular” também é uma boa opção. Então, fica a dica: se estiver deprimido, não chame o Van Hallen!