A aquisição da Warner pela Netflix representa a maior movimentação financeira e estrutural da história de Hollywood. A avaliação é de Rodrigo James, colunista de cinema e entretenimento da 98 News. Segundo o especialista, o negócio supera em complexidade e impacto a fusão anterior da Time Warner com a AT&T.
Embora a oferta tenha sido aceita após um leilão que envolveu concorrentes como Comcast e Paramount, a transação ainda depende do aval de agências reguladoras. A estimativa é que a conclusão burocrática leve pelo menos seis meses.
O que a Netflix está comprando
De acordo com a análise de James, o foco da Netflix é a divisão de estúdios da Warner e a marca HBO. O objetivo da gigante do streaming, que tem pouco mais de 10 anos de existência, é adquirir “lastro” e catálogo.
A transação garante à Netflix a propriedade intelectual de franquias globais como Harry Potter, Game of Thrones e todo o universo da DC Comics. A empresa deixa de ser apenas uma plataforma de tecnologia que investe em conteúdo para se tornar um conglomerado completo de entretenimento.
Pontos que permanecem indefinidos no acordo incluem:
- Canais lineares (TNT, CNN);
- Direitos de transmissão esportiva (como a Champions League);
- A manutenção da marca Warner no longo prazo.
“Talvez daqui a cinco anos a gente não tenha mais a marca Warner circulando no mundo”, projeta James, comparando o cenário ao desaparecimento de estúdios clássicos como a United Artists ou a absorção da MGM pela Amazon Prime Video.
Fim da HBO Max e impacto no consumidor
Para o assinante, a mudança deve ser drástica. A tendência apontada pelo colunista é a extinção da plataforma HBO Max. Todo o catálogo deve ser migrado para dentro da interface da Netflix, centralizando as cobranças e o acesso em um único aplicativo.
Bastidores políticos e reação da indústria
A negociação prevê uma multa de US$ 5 bilhões caso o acordo não se concretize. No entanto, o cenário político nos Estados Unidos favorece a fusão. A análise indica que o governo Trump não deve impor barreiras ao desmembramento e venda da Warner, tratando o setor de entretenimento como um ativo estratégico.
Por outro lado, a comunidade artística demonstra preocupação. Cineastas como Martin Scorsese criticam o movimento, temendo que a filosofia da Netflix — focada no consumo doméstico — enfraqueça ainda mais o cinema de sala. “A comunidade de Hollywood não está olhando isso com bons olhos porque teme perder espaço”, conclui Rodrigo James.
