As irmãs Alice e Ellen Kessler, dupla que marcou a música e a TV europeia nas décadas de 1950 e 1960, morreram aos 89 anos em uma morte assistida autorizada pela legislação alemã. As artistas eram consideradas estrelas de alcance internacional, com forte impacto cultural especialmente na Itália e na Alemanha.
A informação foi confirmada pela Deutsche Gesellschaft für Humanes Sterben (DGHS), entidade berlinense que acompanha casos de morte assistida. Eles morrem nessa segunda-feira (17/11).
‘Partir juntas’ era desejo antigo das gêmeas
As irmãs viviam juntas em Grünwald, região próxima a Munique, e administraram o medicamento letal com acompanhamento médico e jurídico. Segundo a DGHS, não havia problemas de saúde mental envolvidos e a decisão foi tomada “ao longo de um longo período, de forma totalmente consciente e planejada”.
Em 2023, em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, elas declararam: “Nosso desejo é deixar juntas, no mesmo dia. A ideia de que uma de nós iria primeiro é muito difícil de suportar.”
As gêmeas também haviam manifestado outra vontade póstuma: que suas cinzas fossem depositadas na mesma urna, ao lado da mãe e do cachorro de estimação, Yello.
Carreira internacional e encontro com grandes nomes
Nascidas em 1936, em Nerchau, as duas iniciaram a carreira como bailarinas na Ópera de Leipzig. Em 1959, representaram a então Alemanha Ocidental no Eurovision.
Nos anos seguintes, tornaram-se símbolos de glamour e independência feminina na televisão italiana, onde foram chamadas de “as pernas da nação”. No período, chegaram a conhecer Elvis Presley em Paris e trabalharam com coreógrafos que as levaram ao estrelato mundial.
O sucesso se estendeu também aos Estados Unidos, com participações ao lado de Frank Sinatra e Fred Astaire.
Transgressões que marcaram época
Em plena era de costumes conservadores, as Kessler enfrentaram polêmicas por figurinos considerados ousados para a TV italiana, mesmo mantendo um padrão de elegância.
“Sempre fomos elegantes, nunca vulgares. As críticas nos fortaleceram”, afirmaram ao Corriere.
A carreira também incluiu cinema e teatro.
Independentes e inseparáveis
As gêmeas chegaram a viver em Roma até meados dos anos 1980, quando retornaram à Alemanha. Romances existiram, mas ambas decidiram nunca se casar, uma escolha influenciada pela história de violência doméstica vivida pela mãe.
“Sempre quisemos ser independentes. Talvez, no fim das contas, tenhamos nos tornado um pouco dependentes uma da outra”, disseram ao jornal italiano.
