Corações alvinegros baterão mais forte nesta quinta-feira (11/9). O motivo não é apenas a rivalidade histórica entre Atlético e Cruzeiro, que se enfrentarão às 19h30 pela Copa do Brasil, mas também a despedida de um palco tradicional desses encontros: o Bar do Salomão. Em funcionamento há mais de 70 anos, o reduto atleticano transmitirá, pela última vez antes do “adeus temporário”, um clássico mineiro.
Proprietário e anfitrião da casa, Salomão Jorge Filho não esconde a mistura de sentimentos que acompanha a semana. “Vai ser um clássico especial. Nós vamos comemorar de tudo: a vitória, a despedida e até o choro”, garante, em tom bem-humorado. O combo de emoções não assusta o atleticano, no entanto. “Tô pronto”, diz.
O clima será de tensão e festa ao mesmo tempo. O Atlético entra em campo precisando reverter o placar de 2 a 0 conquistado pelo Cruzeiro no primeiro jogo das quartas de final. Apesar disso, confiança no time é uma das marcas de Salomão. “Eu confio. Vai ganhar nos pênaltis”, aposta.
‘Até logo’
Muito antes da bola rolar no Mineirão, o proprietário estará no bar à espera dos clientes e torcedores. “O pessoal começa a chegar ao meio-dia, mesmo o jogo sendo só à noite. É sempre assim. O bar enche muito. Quem chega cedo já almoça e garante o lugar”, explica Salomão.
Dessa vez, o clássico mineiro servirá de preparação para um encontro tão especial quanto o do mata-mata. No sábado (13/9), o bar terá uma festa de despedida a partir do meio-dia. “Com duas bandas e muita cerveja gelada. Vai ter música, vai ter o Reinaldo [ídolo do Atlético], charanga também… Vai ser para comemorar e chorar junto”, adiantou. “É a última vez que vamos viver esse clima aqui dentro”.
Em setembro, o Bar do Salomão deixará a tradicional esquina entre as ruas do Ouro, Amapá e Palmira, na Serra, em Belo Horizonte. Mais de sete décadas após a abertura, o estabelecimento dará lugar a uma farmácia.
História
Fundado em 1953, o Bar do Salomão ajuda a contar a história de Belo Horizonte e do próprio Atlético. Mais antigo que o próprio Mineirão — inaugurado em 1965 —, o estabelecimento acompanhou das pequenas às grandes conquistas do Galo. Sempre lotado de torcedores.
Por dentro, a devoção ao alvinegro fica explícita. Nas paredes, são dezenas de quadros, faixas e outros objetos ligados ao Atlético, além das televisões que funcionam, sobretudo, nos dias de jogos. Já nas estufas, salgados e tira-gostos para todos os paladares.
A decisão de vender o ponto não representa o fim da linha para o Bar do Salomão, no entanto. “Eu vou pular pra dentro de outro lugar rapidinho, coisa de dois meses”, garantiu Jorge Filho. “Aqui no Serra mesmo, já tá ‘engatilhado’. E vai continuar a mesma coisa, só que em outro lugar”, complementou.
O endereço completo será revelado em breve.