Nesta quarta-feira (07/05), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anunciou a abertura de inquérito para investigar Bruno Henrique, atacante do Flamengo, diante do indiciamento pela Polícia Federal. Bruno é suspeito de forjar um cartão amarelo em uma partida contra o Santos, no Brasileirão de 2023, para beneficiar apostadores — entre eles, membros da própria família do jogador.
Luís Otávio Veríssimo Teixeira, presidente do tribunal, recebeu da Polícia Federal as provas da investigação na última segunda-feira. Diante dos documentos, Luís Otávio nomeou Maxwell Borges de Moura Vieira para elaborar um relatório sobre o caso no prazo de 15 dias, que pode ser prorrogado por mais 15. Bruno Henrique segue atuando normalmente pelo Flamengo, já que não houve pedido de suspensão preventiva.
O Flamengo, por sua vez, se baseia na presunção de inocência para manter o atacante integrado ao elenco principal. Desde o indiciamento pela PF, no mês passado, Bruno Henrique disputou seis jogos — três como titular e três saindo do banco —, sem marcar gols ou dar assistências.
O caso
Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente forçar um cartão amarelo durante a partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, com o intuito de favorecer apostadores.
O irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada Ludymilla Araújo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso também foram indiciados. Segundo a Polícia Federal, todos realizaram apostas.
Ainda de acordo com as investigações, um segundo núcleo de apostadores foi identificado, formado por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos — todos amigos de Wander.
Tanto Bruno Henrique quanto seu irmão foram indiciados com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte — fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento relacionado. A pena prevista varia de dois a seis anos de reclusão. Ambos também foram indiciados por estelionato, cuja pena varia de um a cinco anos de prisão.
Os demais envolvidos foram indiciados por estelionato. A informação sobre o indiciamento foi divulgada pelo site Metrópoles.
Em novembro do ano passado, todos os citados foram alvos de operações de busca e apreensão. A Polícia Federal esteve na casa de Bruno Henrique e no centro de treinamento do Flamengo. O jogador, que estava em casa, teve seu celular apreendido.
A investigação
A apuração da Polícia Federal começou em agosto do ano passado, após operadoras de apostas relatarem movimentações atípicas relacionadas ao cartão amarelo de Bruno Henrique na partida contra o Santos, válida pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023, disputada em Brasília.
Ao todo, três casas de apostas emitiram alertas. Segundo a PF, 98% de todas as apostas envolvendo cartões naquele jogo foram direcionadas ao atacante. Em uma das operadoras, esse percentual chegou a 95%.
Na edição de 2023 do Brasileirão, Bruno Henrique recebeu cinco cartões amarelos em 22 jogos com a camisa do Flamengo. Na partida contra o Santos, o cartão foi aplicado nos acréscimos, após falta em Soteldo. Na sequência, o atacante reclamou com o árbitro e acabou expulso.
Apesar da investigação, o Flamengo optou por não afastá-lo. Após a conquista da Copa do Brasil sobre o Atlético, Bruno Henrique se manifestou: “Minha vida e a minha trajetória, desde que comecei a jogar futebol, nunca foram fáceis. Mas Deus sempre esteve comigo. Estou tranquilo em relação a isso, junto com meus advogados, empresários e pessoas que estão nessa batalha comigo. Peço que a justiça seja feita”, declarou.
O caso foi inicialmente levado ao STJD em agosto do ano passado, mas na ocasião o tribunal decidiu não instaurar inquérito, por falta de provas. “A Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados seriam ínfimos em comparação ao salário mensal do jogador”, afirmou o comunicado.
Com o novo relatório da PF e o indiciamento formal, o Ministério Público do Distrito Federal avaliará se apresentará ou não denúncia contra Bruno Henrique.