O Aquário da Bacia do Rio São Francisco, no Zoológico de Belo Horizonte, tem novos moradores. São 50 pacamãs (Lophiosilurus alexandri), ainda jovens, que acabam de chegar para reforçar o plantel. Endêmico do Velho Chico, o peixe é considerado vulnerável à extinção e agora vai fazer parte de projetos de conservação, pesquisa e educação ambiental conduzidos pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).
A espécie já fazia parte do Aquário, mas em número limitado: apenas seis adultos bem idosos e três filhotes nascidos em 2024, fruto de reprodução planejada. “Com a chegada dos novos indivíduos e maiores possibilidades de reprodução, temos a garantia de continuar atuando na conservação desta espécie”, explica Gladstone Araújo, biólogo da FPMZB .
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, os peixes vieram do Laboratório de Aquacultura (Laqua), da Universidade Federal de Minas Gerais. Diretora da Zoobotânica, Sandra Cunha lembra que o pacamã sofre com pesca predatória, poluição e alterações no rio. “Essa parceria é essencial para termos sucesso reprodutivo e pensarmos, quem sabe, em reintrodução na natureza”, diz.
Por enquanto, os 50 pacamãs passam por quarentena, um período de adaptação e checagem de saúde. Em breve, parte deles será transferida para tanques de visitação, onde o público poderá observar de perto esse peixe peculiar. Os demais permanecerão em áreas restritas, voltados para pesquisas e reprodução.
‘Pac-Man’ das águas
O pacamã é conhecido por sua aparência semelhante a um sapo ou a um “Pac-Man” de videogame. De hábitos noturnos e vida discreta, o pacamã pode chegar a 70 cm e 8 kg. Passa boa parte do tempo enterrado no fundo do rio, só com os olhos de fora, à espera da presa. É carnívoro e caçador paciente, com cabeça achatada, dentes à mostra e corpo marrom coberto de pintas escuras. Uma aparência singular para um peixe que carrega, ao mesmo tempo, a beleza e a fragilidade da biodiversidade do Velho Chico.