Apesar de parecer estranho, as árvores de Belo Horizonte estão sendo afetadas por um fenômeno que causou estranheza em alguns moradores. A “doença”, na verdade, trata-se de um desequilíbrio chamado superbrotamento, que não atinge todas as árvores da capital, mas apenas aquelas da espécie Ipê-rosado-de-El-Salvador, comuns principalmente na região da Avenida do Contorno.
Em contato com a Rede 98, Fernanda Raggi Grossi, bióloga, mestre em Botânica e Sustentabilidade, e professora do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário UNA, explicou que “superbrotamento é um fenômeno visível quando uma árvore começa a emitir brotações em excesso, agrupadas, tortuosas, geralmente de forma desordenada, ao longo dos galhos e do tronco”. Muitas pessoas, inclusive, confundem esse fenômeno com as chamadas “vassouras-de-bruxa”, também comuns em árvores. Apesar de não ser considerada uma doença, o superbrotamento pode “indicar que a planta está sob estresse fisiológico (excesso de água e umidade), altas ou baixas temperaturas, ou ataque de agentes patogênicos (causadores de doenças), ou até mesmo ambos”.
A bióloga também destacou que a espécie Ipê-rosado-de-El-Salvador pode não ser a única afetada pela infecção, mas manifesta os sintomas de forma mais visível quando infectada. Apesar disso, é necessário cautela, pois, se comprovado que a causa do superbrotamento for fitoplasma, a “doença” pode ser transmitida a outras árvores, inclusive de espécies diferentes.
A reportagem da Rede 98 procurou a Prefeitura de Belo Horizonte para entender o que pode estar causando a infecção nas árvores da capital. Confira a nota na íntegra:
“A Prefeitura de Belo Horizonte informa que existe um relatório técnico-científico elaborado por servidores da PBH, que identificou as causas da doença que vem acometendo espécimes de Ipê-rosa no município. Identificou-se que o superbrotamento é uma manifestação fitopatológica causada pela bactéria Candidatus phytoplasma sp., que provoca crescimento desordenado nos ponteiros dos ramos, também conhecido como vassoura-de-bruxa, resultando em atrofiamento e declínio da árvore.
É importante ressaltar que a presença de patógenos não caracteriza, por si só, uma situação de risco generalizado ou necessidade de medidas restritivas ou emergenciais. Qualquer análise de risco deve ser orientada por critérios técnicos rigorosos, o que não se aplica ao cenário atual dessa espécie em Belo Horizonte.
O relatório também sugere possíveis metodologias de erradicação e/ou controle da doença, como, por exemplo, a recomendação de não plantio de novos exemplares da espécie Ipê-rosa-de-El-Salvador e a substituição gradativa de árvores exóticas por espécies nativas da região, mais resistentes a pragas e doenças.”