Moradores de Belo Horizonte que caíram em golpes financeiros tiveram um prejuízo médio de R$ 1.638,24, segundo pesquisa divulgada pela CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte). O levantamento mostra ainda que, entre os que conseguiram recuperar parte do dinheiro, o valor restituído ficou em torno de R$ 1.430.
Além das perdas financeiras, as consequências incluem cobranças indevidas, bloqueio e cancelamento de cartões, nome negativado e até impactos psicológicos. “O prejuízo financeiro é apenas parte do problema. Os golpes deixam marcas que vão além do bolso, afetando a vida, a tranquilidade e a dignidade das pessoas”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Desconfiança afeta o comércio digital
A frequência de tentativas de golpes tem deixado os consumidores mais atentos a indícios de fraude, como links suspeitos, erros gramaticais, pedidos de dados pessoais e cobranças antecipadas. Essa desconfiança tem reflexo direto no comércio eletrônico: 84% dos entrevistados afirmam que já desistiram de uma compra on-line por desconfiarem de golpe, sendo 54,5% mulheres e 33,7% homens.
Segundo Souza e Silva, o cenário prejudica também os lojistas. “A desconfiança gerada pelos golpes faz com que comerciantes sérios, que investem no digital para ampliar suas vendas, acabem sendo penalizados. Muitos consumidores preferem marketplaces, que oferecem mais segurança, mas reduzem a margem de lucro das lojas.”
Prevenção ainda é limitada
A pesquisa mostra que 42% dos belo-horizontinos conferem o extrato bancário com frequência, e as mulheres (46,4%) são mais vigilantes que os homens (36%). Quando o assunto é troca de senhas, o número é baixo: apenas 26,5% afirmam mudar as senhas de acesso entre três meses e um ano, enquanto 72,5% nunca alteram.
Sobre o monitoramento de CPF e dados pessoais, 52,5% dizem fazer o acompanhamento. Já 89,5% afirmam não compartilhar informações pessoais em redes sociais, e 92% não repassam senhas bancárias a terceiros.
Entre as principais estratégias de proteção citadas estão:
- não compartilhar informações pessoais (22%);
- bloquear números desconhecidos (16,5%);
- desconfiar de propostas estranhas (15%);
- evitar clicar em links suspeitos (13%).
“O monitoramento constante e a troca regular de senhas são atitudes simples que fazem a diferença. Ferramentas como as do SPC Brasil ajudam o consumidor a acompanhar movimentações suspeitas e agir rapidamente”, reforça Souza e Silva.
Educação financeira ainda é falha
Seis em cada dez belo-horizontinos (65,5%) afirmam não ter formação em educação financeira. Apenas 34% declaram ter algum tipo de aprendizado sobre o tema. “A educação financeira vem se popularizando aos poucos, mas ainda está concentrada nos meios virtuais. Precisamos que o tema seja ampliado e ensinado nas escolas, como propõe o Projeto de Lei 2747/24, que inclui a educação financeira no currículo básico”, destaca o presidente da CDL/BH.