Se você já se perguntou o que significam os números nas placas dos ônibus de Belo Horizonte, a resposta é: eles não são aleatórios. A lógica existe, e entender esse sistema pode ajudar — e muito — na hora de se locomover pela cidade.
Em entrevista à 98 News, nesta terça-feira (22/7), o chefe de gabinete da Superintendência de Mobilidade do município (Sumob), Luís Castilho, explicou como a Prefeitura organiza essa numeração.
“Não, não é aleatória. Tem uma ordem, tem um sentido, a numeração. E entender esse sentido pode ajudar o usuário, inclusive, nos seus deslocamentos rotineiros ou nos seus deslocamentos eventuais. Então, a numeração das linhas de ônibus obedece a uma ordem das regionais da cidade.”
Duas, três ou quatro casas?
As linhas de dois dígitos são chamadas de troncais. Elas partem de uma estação — como estações do BRT Move ou BHBUS — e seguem rumo à área central da cidade por grandes corredores de trânsito.
“Por exemplo, a linha 30 tem o dígito 3, que significa que ela vem da Estação Diamante, que está na Regional Barreiro, e segue pela Avenida Amazonas. A mesma coisa para a 62, que tem o dígito 6, da Regional Venda Nova. O número 2 é sequencial, e ela vai da Estação Venda Nova até a Savassi, percorrendo toda a Cristiano Machado.”
Já as linhas de três dígitos são aquelas que circulam dentro de uma única regional.
“O primeiro dígito diz respeito à regional e os dois últimos são sequenciais. Por exemplo, a linha 407 faz uma ligação dentro da Regional Noroeste, por isso tem o dígito 4, ligando o bairro Glória ao bairro Califórnia.”
As linhas de quatro dígitos ligam duas regionais diferentes.
“O primeiro dígito é da regional de origem, o segundo da regional de destino, e os outros dois números são sequenciais. Tem uma lógica do tipo de deslocamento dessas linhas.”
Dá para saber o destino só pelo número?
Segundo Castilho, sim.
“A Regional Pampulha é de número 5. Então, se a pessoa está indo, por exemplo, para a Estação Pampulha, ela vai pegar uma linha troncal, a 50 ou a 51, que tem o dígito 5 da Regional Pampulha. Se está indo, por exemplo, para o bairro Dona Clara, vai utilizar a 5201, que tem o dígito 5 da Pampulha e o 2, que já é do Buritis, porque é uma linha que faz a ligação entre a Regional Pampulha e a Regional Oeste.”
Confira o número de cada regional
A divisão da numeração por regionais segue a seguinte lógica:
- 1 – Centro-Sul
- 2 – Oeste
- 3 – Barreiro
- 4 – Noroeste
- 5 – Pampulha
- 6 – Venda Nova
- 7 – Norte
- 8 – Nordeste
- 9 – Leste
- 0 – Hipercentro (recentemente oficializada como regional)
“Cada regional tem aí o seu dígito de referência.”
Linhas antigas permanecem com os mesmos números
Muitos moradores da capital reconhecem algumas linhas pelo número antigo, passado de geração em geração. E, segundo Castilho, elas continuarão assim.
“Ainda são 31 linhas que têm a numeração antiga, anterior a 1998, e a gente não tem nenhum cronograma, não trabalha com a expectativa de trocar essa numeração, muito porque, como você mesmo disse, Júlio, a numeração já está consolidada na cidade. Em 2023, fizemos a troca de numeração de algumas dessas linhas porque foi uma grande reestruturação no serviço. Se não for ter nenhuma grande reestruturação, a gente entende que não há necessidade de trocar o número, justamente porque já está consolidado na memória das pessoas. São linhas que foram criadas lá na década de 80 e que têm um atendimento muito tradicional na cidade.”
Onde consultar os dados das linhas?
Para quem quer planejar o trajeto com antecedência ou consultar itinerários em tempo real, as informações estão disponíveis em diversos canais.
“Tem toda a relação de linhas, tem a consulta de itinerários, de quadro de horários. Tem o menu novo, que foi entregue para a população recentemente, em que a pessoa consegue consultar, em tempo real, onde está o seu ônibus, a partir de qualquer um dos quase 10 mil pontos da cidade. Além disso, a nossa informação também está integrada aos aplicativos, como o Google Maps e o SIU Mobile, que é o aplicativo da própria cidade.”