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Temor de desmonte no CEI Imaculada Conceição gera apreensão na comunidade escolar

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Debate sobre futuro da escola expõe falta de diálogo e insegurança para 2026 (Divulgação/PBH)

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O possível fim do projeto de educação em tempo integral da Escola Municipal Paulo Mendes Campos, localizada dentro do Centro de Educação Integral (CEI) Imaculada Conceição, no coração de Belo Horizonte, atormenta funcionários, pais e alunos da instituição.

Em meio à dor de cabeça, eles ainda têm de lidar com a possibilidade de extinção de turmas do colégio e a transferência de discentes, questões ventiladas pelo Executivo municipal há meses. O embaraço levou o prefeito Álvaro Damião (União) a se pronunciar sobre o caso na última quinta-feira (11/12), durante evento de apresentação do Projeto Catraca Livre.

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Ao responder questionamentos sobre o futuro da instituição, Damião garantiu que “ninguém vai fechar o CEI Imaculada Conceição”. Segundo ele, o que está em curso é um processo de transferência e reorganização da rede. Para pais e professores, entretanto, a ausência de informações claras revela um cenário de desmonte gradual, que ameaça a continuidade dos serviços oferecidos pela unidade.

Advogada, integrante do colegiado escolar e mãe de três alunos da escola municipal, Beatriz Filgueiras acompanhou de perto as mudanças nos últimos anos. Ela descreve o processo em curso como um lento de esvaziamento. “Estamos muito apreensivos com toda essa questão”, diz. Ela lembrou que projetos essenciais na escola, como o Centro de Línguas, Linguagens, Inovação e Criatividade (Clic), foram silenciosamente descontinuados.

A preocupação levou à criação de um abaixo-assinado pedindo que o CEI seja mantido em funcionamento e que qualquer alteração seja discutida de forma transparente. Segundo Beatriz, o documento já acumula mais de 2.800 assinaturas de pessoas da comunidade escolar.

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Secretaria nega fechamento

O CEI Imaculada Conceição atende crianças de diferentes regiões da cidade, incluindo estudantes da área do Morro do Papagaio, citada pelo próprio prefeito na fala desta quinta-feira. Em coletiva, Damião argumentou que a distribuição atual de alunos não segue orientações federais e que “a escola tem que estar próxima da residência das pessoas”.

O prefeito também afirmou que o CEI será ampliado para “atender muito mais pessoas”, como sonhava o ex-colega de chapa, Fuad Noman. A explicação, porém, não detalhou como ocorreriam as supostas melhorias, nem diretrizes de expansão.

A Rede 98 questionou a Secretaria Municipal de Educação (SMED) sobre os boatos de descontinuação do projeto de educação em tempo integral e a possibilidade de transferência de alunos da Escola Paulo Mendes Campos. Em nota, o órgão garantiu que “não houve medida de transferência de estudantes” e “nem redução no número de alunos da unidade”.

“A organização das turmas segue sendo acompanhada pela Secretaria, dentro dos critérios pedagógicos e administrativos da rede”, rebateu a SMED.

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Somando-se ao movimento, Beatriz e outros pais ingressaram, na semana passada, com um mandado de segurança na Justiça. O objetivo é impedir qualquer decisão unilateral que resulte no fechamento, transferência compulsória dos alunos ou interrupção das atividades pedagógicas do CEI Imaculada Conceição. No documento, a parte afirma que ainda não sabe qual será o destino das crianças em 2026 e denuncia a ausência de informações formais por parte da SMED.

A incerteza também envolve o Legislativo municipal. O vereador Pedro Patrus (PT), que presidiu uma audiência pública para discutir o caso no início do mês, criticou duramente o comportamento do Executivo. A prefeitura foi convidada a participar da reunião, mas não enviou representantes.

“A prefeitura não foi na audiência, o que para nós é muito ruim”, afirmou. “O diálogo com o poder Executivo está bloqueado e as mães e a comunidade escolar têm toda razão de estar preocupadas”, apontou.

Patrus relatou que tem recebido pais e responsáveis que não conseguem entender o que está acontecendo com as escolas. Segundo ele, pedidos de informação têm sido ignorados. “A secretária municipal de Educação, Natália Araújo, não tem atendido e não tem feito esse diálogo”, disse. O vereador também avalia que as ações da prefeitura apontam para um movimento generalizado de “desmonte da escola integral na cidade de Belo Horizonte”.

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‘Segregação’

O CEI Imaculada Conceição é reconhecido por acompanhar estudantes em situação de vulnerabilidade, acolhendo crianças com necessidades específicas e promovendo atividades pedagógicas e socioemocionais. Para Beatriz, a localização central é estratégica para o dia a dia, especialmente para trabalhadores que atuam na região e dependem da escola. O possível fechamento ou transferência comprometeria essa dinâmica e poderia aumentar desigualdades no acesso à educação pública de qualidade.

Beatriz também critica a forma como a redistribuição de estudantes de regiões periféricas está sendo tratada, classificando o processo como uma prática de “segregação”. Ela questiona o ato de direcionar crianças do Morro do Papagaio e outras regiões, historicamente acolhidas pelo CEI, para outras escolas sem justificativa clara e sem considerar os vínculos já estabelecidos.

Para a mãe, o afastamento desses alunos do Centro reforça desigualdades e retira das famílias o direito de acessar espaços educativos que sempre ocuparam, criando, segundo ela, barreiras sociais travestidas de reorganização administrativa.

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‘Mistério angustiante’

Como mãe, Beatriz se diz “muito preocupada” com o cenário. O sentimento, segundo ela, só aumenta diante da ausência de informação clara da prefeitura.

Ela relata que a indefinição sobre o futuro do CEI Imaculada Conceição afeta diretamente sua rotina e a de outras famílias, que não conseguem planejar o próximo ano letivo nem garantir estabilidade para as crianças. A angústia é alimentada pela sensação de que as decisões estão sendo tomadas sem diálogo e sem consideração pelo impacto emocional sobre os alunos.

A advogada afirma que a comunidade escolar vive um período de apreensão, reforçado por mudanças que, na visão das famílias, acontecem de forma abrupta. Ao descrever sua experiência como mãe dentro desse cenário, Beatriz ressalta que a preocupação não é apenas administrativa, mas profundamente humana. A possibilidade de ver o CEI esvaziado ou fechado, diz ela, representa uma ameaça ao ambiente que acolheu os filhos e ao qual construíram vínculo.

Com o fim do ano letivo, a indefinição sobre matrículas, turmas e atendimento preocupa pais que não sabem se vão conseguir manter seus filhos na mesma unidade em 2026.

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Thiago Cândido

Jornalista pela UFMG. Repórter na 98 desde 2025. Participou de reportagem vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo 2024.

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