O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter, nesta quarta-feira (17/9), a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15% ao ano. A decisão frustrou expectativas de parte do setor produtivo e foi recebida de forma negativa pela CDL/BH e pela Fiemg. Para ambas as entidades, o nível atual dos juros sufoca o consumo, inibe investimentos e prejudica a geração de empregos.
A CDL/BH avaliou que a decisão evidencia a ineficiência do ciclo de aperto monetário em vigor desde o fim de 2024. Segundo o presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, embora o mercado de trabalho demonstre resiliência, a taxa elevada compromete o crédito e tende a reduzir o fôlego do consumo a médio prazo.
“Já temos um cenário de crédito mais caro e aumento da inadimplência. Precisamos de medidas que devolvam confiança, ampliem o acesso ao crédito e garantam fôlego para o setor produtivo”, apontou Marcelo.
Na mesma linha, a Fiemg destacou que a manutenção da Selic em patamar contracionista amplia os obstáculos ao crescimento. Para o presidente Flávio Roscoe, a queda estrutural dos juros depende de maior equilíbrio das contas públicas e de uma coordenação mais clara entre as políticas fiscal e monetária.
“Uma política fiscal alinhada, facilitaria o trabalho do Banco Central no controle da inflação, permitindo uma trajetória de queda dos juros nos próximos meses”, disse Roscoe.
Ainda segundo a Fiemg, os juros elevados atingem em cheio setores dependentes de crédito, como o varejo de automóveis e eletrodomésticos, além de encarecer o financiamento imobiliário e inibir o investimento produtivo na indústria.
Ambas as entidades entendem que os efeitos da taxa básica em nível elevado não se restringem às empresas: eles também pesam sobre as famílias endividadas, comprimindo a renda, limitando o consumo e alimentando um ciclo de baixo crescimento e menor geração de empregos.