Siga no

João reforça que, ao contrário do que se pensa, a dependência do mercado norte-americano é maior do que parece (98 News/Reprodução)

João reforça que, ao contrário do que se pensa, a dependência do mercado norte-americano é maior do que parece (98 News/Reprodução)

Compartilhar matéria

Com a aproximação da entrada em vigor do chamado “tarifaço” dos Estados Unidos contra o Brasil, o economista e gestor de patrimônio João Henrique da Fonseca, da Azul Wealth Management, avalia que a postura do governo brasileiro foi marcada por amadorismo diplomático e aposta política. Ele afirma que o problema não é comercial, mas sim político, e critica a falta de ação do Itamaraty.

“Desde o primeiro dia de governo, há uma construção de uma narrativa anti-americana muito ruim para o país. O Brasil recebeu navio militar do Irã, fez críticas ao dólar como moeda internacional, condenou aliados dos EUA como Israel. Isso é uma construção multifatorial que levou à maior tarifa entre todas.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Críticas à inação e à estratégia política

Para João, o governo atual “confortavelmente deixou a nação sofrer” com as tarifas, apostando em ganhos políticos internos. “O que a gente viu foi uma exploração política da situação pelo presidente, que viu uma oportunidade de aumentar a sua popularidade com um fenômeno que a gente chama de around the flag. É confortável para o governo, do ponto de vista político, ainda que custe caro para o país.”

Ele também aponta falta de preparo diplomático. “Houve um amadorismo do Itamaraty em negociar essa situação. Todo mundo foi fazer o beijamão na Casa Branca: África do Sul, Zelenski. O Brasil não. Faltou humildade e faltou ação.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Estados Unidos são mercado insubstituível

João reforça que, ao contrário do que se pensa, a dependência do mercado norte-americano é maior do que parece, especialmente nos setores de alto valor agregado.

“O Brasil exporta para os EUA produtos manufaturados, de alto valor agregado, que geram mais empregos qualificados. A China não consome esse tipo de produto brasileiro. É ingenuidade achar que vamos vender avião para a China. Chinês não bebe café, por exemplo. Americano bebe mais de 400 xícaras por ano. Chinês, malemal 10.”

Ele cita o exemplo da Embraer e da exportação de aço, ressaltando a diferença de perfil entre os mercados. “O Brasil vende muito lingote de aço para os EUA. Achar que vai vender aço para a China, maior produtor de aço do mundo, é ilusão.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Lei de reciprocidade pode ser desastrosa

Questionado sobre a possibilidade de o Brasil aplicar uma lei de reciprocidade contra os EUA, João é enfático. “Só vejo o Trump escalando. Ele não recua. Se a gente escalar, vira um embargo. Se ele taxou a China, que é um dos seus maiores fornecedores, quem é o Brasil na fila do pão?”

“O Brasil é líder em apenas 0,4% dos produtos que os EUA importam. Os americanos podem viver tranquilamente sem o Brasil.”

BRICS não são alternativa viável

João também minimiza a ideia de substituição de mercados via BRICS ou União Europeia. “O Brasil não tem problema de superávit comercial. O problema é transações correntes. E quem fecha nosso balanço são os americanos. A China compra produto, mas não investe. Quem investe no Brasil são os EUA e a Europa.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

“BRICS também têm seus próprios interesses. A China não vai resgatar o Brasil de graça. E os países do bloco têm renda média baixa. A Índia não compra avião. A China não compra café. O Brasil vai vender o quê para eles?”

Conclusão: “Falta realismo ao governo brasileiro”

Para o economista, o Brasil precisa abandonar o discurso ideológico e adotar uma postura pragmática e diplomática para evitar maiores prejuízos econômicos.

“Está faltando realismo ao Itamaraty. Não é se virar. É ter noção de onde o Brasil se encaixa. Ou negociamos com humildade, ou nos isolamos como outras nações sul-americanas, o que não é um caminho próspero.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Compartilhar matéria

Siga no

Roberth R Costa

Atuo há quase 13 anos com jornalismo digital. Coordenador Multimídia. Rede 98 | 98 News

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Notícias

Minas lidera resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão

Zema quer anistia a Bolsonaro na negociação do tarifaço com Trump

Presidente da CBF vira alvo da Polícia Federal em operação contra crimes eleitorais

‘Quero ser tratado com respeito’, diz Lula sobre relação com Trump ao New York Times

Daltro diz que relação com a Câmara de BH foi pacificada: ‘estancamos a sangria’

Trump comemora e diz que prazo para tarifaço não será prorrogado: ‘Grande dia para a América’

Últimas notícias

PROMO RELÂMPAGO: Concorra a um par de ingressos para Atlético x Bragantino

Cleitinho e Gabriel: uma aliança de conveniências

Estilo também é posicionamento estratégico

Como investir em imóveis com menos de R$ 100?

Liderança não tem rótulo, tem atitude

Quando o trabalho invade tudo: o cansaço da presença constante

Caixa lança crédito com garantia de imóvel financiado

Reação ao tarifaço precisa ir além do subsídio

O que esperar das próximas decisões dos Bancos Centrais